Problemas gastrointestinais: conheça os principais
Saiba diferenciá-las e escolher o melhor tratamento
Quando falamos de doenças gastrointestinais, estamos falando desde condições mais corriqueiras, como prisão de ventre, gases, indigestão, refluxo gastroesofágico e gastrite, até as mais raras, a exemplo da doença de Crohn. Sejam elas disfunções ou apenas um mal-estar passageiro, muitas vezes os sintomas são semelhantes e, por isso a pessoa deve ficar atenta a frequência deles e procurar um médico se os sintomas persistirem.
Entre os sintomas mais comuns estão os gases intestinais que podem causar grande desconforto porque provocam distensão abdominal. A maior parte é produzida no intestino por carboidratos que não são quebrados na passagem pelo estômago. Como o intestino não produz as enzimas necessárias para digeri-los, eles são fermentados por bactérias que normalmente ali residem. Esse processo é responsável pela maior produção e liberação de gases. Dieta adequada, com alimentos ricos em fibras e beber muito líquida ajudam no trânsito intestinal, reduzindo a produção de flatulência. Algumas dicas para evitar os gases são: mastigue bem os alimentos, pois engolir a comida sem mastigá-la direito e às pressas atrapalha a digestão e o bolo alimentar pode chegar ao intestino sem estar digerido adequadamente; procure não falar muito durante as refeições para diminuir o volume de ar deglutido; andar é sempre saudável, pois estimula os movimentos intestinais¹.
A indigestão pode ser causada por alguns fatores. Comer uma grande quantidade de alimentos, ou comer depressa demais sem mastigar direito os alimentos, beber exageradamente durante as refeições, abusar de alimentos gordurosos e das frituras são alguns deles. Os sintomas podem desaparecer com uma simples mudança dos hábitos alimentares, com ingestão fibras, por exemplo. No entanto, se permanecerem por mais de uma semana, ou vierem acompanhados por fezes escuras, ou por qualquer outro sintoma anormal, procure assistência médica sem demora².
A constipação intestinal ou prisão de ventre é provocada principalmente pelo consumo insuficiente de fibras, mas também outros aspectos são importantes para manter um bom funcionamento intestinal, como a ingestão de água e a prática de atividade física. A regularidade da atividade intestinal só é adequada quando estes três fatores são atendidos. As fibras auxiliam na formação do bolo fecal e, em parceria com a quantidade de água ingerida e a atividade física, são responsáveis por estimular a atividade muscular intestinal³.
A forte tendência de consumo de alimentos industrializados pode agravar ou prejudicar o consumo diário de fibras. As frutas, os legumes e as verduras in natura são ótimas fontes de fibras e micronutrientes, além de ter baixa densidade energética. Os cereais integrais como arroz integral, pão integral, centeio, aveia, sementes de linhaça, farelo de aveia e trigo, dentre outros, também são boas alternativas para aumentar a quantidade de fibras ingeridas³.
A gastrite é uma inflamação do revestimento interno do estômago, que pode ser aguda, quando aparece de repente e dura pouco, ou crônica, quando se instala aos poucos e leva muito tempo para ser controlada. Pode ser causada pelo uso prolongado de medicamentos como aspirina ou anti-inflamatórios, consumo de álcool, fumo, infecção pela bactéria Helicobacter pylori ou ainda pode ocorrer quando o sistema imune produz anticorpos que agridem e destroem as células gástricas do próprio organismo, também conhecida como gastrite autoimune 4.
O refluxo gastroesofágico é o retorno involuntário e repetitivo do conteúdo do estômago para o esôfago. Os alimentos mastigados na boca passam pela faringe, pelo esôfago (um tubo que desce pelo tórax na frente da coluna vertebral) e caem no estômago, situado no abdômen. Entre o esôfago e o estômago, existe uma válvula que se abre para dar passagem aos alimentos e se fecha imediatamente para impedir que o suco gástrico penetre no esôfago, pois a mucosa que o reveste não está preparada para receber uma substância tão irritante. Algumas causas estão ligadas ao refluxo como alterações no esfíncter que separa o esôfago do estômago e que deveria funcionar como uma válvula para impedir o retorno dos alimentos; hérnia de hiato provocada pelo deslocamento da transição entre o esôfago e o estômago, que se projeta para dentro da cavidade torácica ou pela fragilidade das estruturas musculares existentes na região5.
A Doença de Crohn é uma doença inflamatória crônica grave do trato gastrointestinal. Afeta predominantemente a parte inferior do intestino delgado (íleo) e intestino grosso (cólon), mas pode atingir qualquer parte do trato gastrointestinal. Provavelmente é provocada por alteração do sistema imunológico, ou seja, do sistema de defesa do organismo. Ela habitualmente cursa com diarreia, cólica abdominal, febre e, às vezes, sangramento retal, entre outros sintomas. O tratamento deve ser feito em etapas. Existe um sistema de mensuração da atividade da doença baseado no número de evacuações, dor abdominal, indisposição geral, ocorrência de fístulas e de manifestações patológicas à distância, que permite classificar a doença em leve, moderada ou grave. Se a doença é leve, pode não ser necessário o uso de medicações e o médico pode apenas acompanhar a evolução do paciente6.
Toda a terapêutica, porém, se voltar para suprimir o processo inflamatório alterado. Os medicamentos disponíveis atualmente reduzem a inflamação e controlam os sintomas, mas não curam a doença. Embora seja uma enfermidade crônica, não é considerada fatal. Quase todas as pessoas que padecem dessa enfermidade mantêm uma vida útil e produtiva, apesar de algumas delas necessitarem de hospitalização nos períodos de maior atividade da doença6.
Fontes: 1- Gases (flatulência) - Portal Drauzio Varella. Último acesso em 22 de maio de 2020. 2- Indigestão (má digestão ou dispepsia) - Portal Drauzio Varella. Último acesso em 22 de maio de 2020. 3- Constipação intestinal. Biblioteca Virtual em Saúde, Ministério da Saúde. Último acesso em 18 de maio de 2020. 4- Gastrite – Biblioteca Virtual em Saúde, Ministério da Saúde. Último acesso em 18 de maio de 2020. 5- Refluxo gastroesofágico – Biblioteca Virtual em Saúde, Ministério da Saúde. Último acesso em 18 de maio de 2020. 6- Doença de Crohn – Biblioteca Virtual em Saúde, Ministério da Saúde. Último acesso em 18 de maio de 2020.