A obesidade é uma doença crônica, cujo avanço tem se dado de forma acelerada em todo o mundo nos últimos anos¹. No Brasil, a situação não é diferente¹. Dados recentes apontam que 55,7% dos brasileiros estão com sobrepeso e aproximadamente 20% dos brasileiros já são considerados obesos². Nos últimos anos, a população obesa no Brasil passou de 11,8% em 2006 para 19,8% em 2018, representando um crescimento de 67,8%². Este número é ainda mais alarmante quando levamos em consideração a população entre 25 anos a 34 anos, na qual houve um crescimento da obesidade em 84,2%².
O modo de viver da sociedade moderna tem determinado um padrão alimentar que, aliado ao sedentarismo, em geral não é favorável à saúde da população³. A obesidade é um dos grandes desafios do contexto atual e suas diretrizes norteiam a organização do cuidado integral ao indivíduo com sobrepeso e obesidade, a vigilância alimentar e nutricional, a promoção da alimentação adequada e saudável, que devem ocorrer no cotidiano dos serviços de saúde, assim como macro políticas que potencializem uma vida mais saudável³.
A obesidade é um agravo multifatorial originado, na maioria dos casos, pelo desbalanço energético, quando o indivíduo consome mais energia do que gasta³. Esse desbalanço energético positivo resulta em ganho de peso³. Há diversos métodos para avaliar se o peso de uma pessoa é excessivo³. Na prática clínica cotidiana e para a avaliação em nível populacional, recomenda-se o uso do Índice de Massa Corporal (IMC) por sua facilidade de mensuração e por ser uma medida não invasiva e de baixo custo³. O IMC é calculado pela relação entre o peso e a altura do indivíduo e expresso em kg/m², com isso é possível classificar o indivíduo de acordo com os riscos para a saúde e sua relação com algumas complicações metabólicas³.
Sabe-se, que a obesidade se associa com grande frequência a condições mórbidas tais como dislipidemia, diabetes, hipertensão e hipertrofia ventricular esquerda, conhecidos fatores de risco coronariano, ou seja, aumentam a probabilidade dessa pessoa sofrer um infarto4. Ultimamente existem evidências convincentes que permitem afirmar que a obesidade também aumenta o risco para desenvolvimento do câncer4. No homem obeso, há um aumento na frequência de câncer de cólon, reto e próstata, enquanto nas mulheres obesas está associado com maior frequência de câncer de vesícula, endométrio e mamas4. São diversos os mecanismos que explicam esse maior risco entre pessoas com excesso de peso³. Um deles indica que as próprias células de gordura produzem fatores pró-inflamatórios que podem agredir células saudáveis e transformá-las em células precursoras de câncer³.
Além disso, pessoas com excesso de peso apresentam maior concentração de hormônios que estimulam a proliferação celular e inibem a apoptose (morte programada das células), e isso também pode levar ao desenvolvimento de um câncer³. A obesidade também tem sido apontada como fator predisponente a outras doenças como colelitíase, esteatose hepática, osteoartrite, osteoartrose, apneia obstrutiva do sono, alterações da ventilação pulmonar, alterações dos ciclos menstruais e redução da fertilidade, condições estas que experimentam melhora com a redução de peso4.
Embora ainda não existam dados suficientes para afirmar que o tratamento efetivo da obesidade reduz a mortalidade, não existem dúvidas de que a redução de peso da ordem de 5% a 10% é uma medida efetiva no sentido de combater as condições mórbidas que aumentam o risco cardiovascular4. Além disso, estima-se que no Brasil pelo menos um em cada dez casos desses tipos de câncer relacionados à obesidade poderia ser evitado por meio do controle do peso³. Nesse sentido, a perda de peso proporciona uma melhora na saúde com consequente aumento na qualidade de vida.
Fontes: 1. Manual de diretrizes para o enfretamento da obesidade na saúde suplementar brasileira - Agência Nacional de Saúde Suplementar. Último acesso em 16 de dezembro de 2019. 2. Vigitel Brasil 2018: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2018 / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças não Transmissíveis. – Brasília: Ministério da Saúde, 2019. Último acesso em 16 de dezembro de 2019. 3. ESTRATÉGIAS PARA O CUIDADO DA PESSOA COM DOENÇA CRÔNICA OBESIDADE – Ministério da Saúde. Último acesso em 16 de dezembro de 2019. 4. Obesidade: Introdução - Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Último acesso em 16 de dezembro de 2019.