Progressão da aterosclerose coronária

Relação entre volume e intensidade do exercício e a progressão da aterosclerose coronária

Publicado em: 13 de julho de 2023  e atualizado em: 14 de julho de 2023
  • Para compartilhar
Ouvir o texto Parar o Audio

Investigadores realizaram um estudo para verificar se o exercício mais intenso está relacionado a um menor risco de aterosclerose

A prática de atividade física está associada, em média, a um risco 30% a 40% menor de doenças e eventos cardiovasculares.1-3 A tomografia computadorizada (TC) e a angiotomografia coronariana (ATC) são exames que permitem medir a calcificação da artéria coronária (CAC), avaliando a placa aterosclerótica coronariana e risco de eventos cardiovasculares futuros.4-6 Estudos indicam que, além dos escores CAC, a morfologia da placa coronariana fornece informações prognósticas, sendo que a placa calcificada é menos frequentemente associada a eventos cardiovasculares do que as placas mistas ou não calcificadas.5

Evidências recentes sugerem que atletas amadores têm aterosclerose coronariana aumentada em comparação com controles saudáveis menos ativos.7-11 Atletas tiveram pontuações de CAC ≥100 no escore de Agatston com mais frequência, que foram associadas ao volume de exercícios e à intensidade do treinamento.1-8 Nos atletas mais ativos, a morfologia da placa aterosclerótica pareceu ser mais calcificada e menos mista, ou seja, parcialmente calcificada.7-9

Como esses estudos foram transversais e não conseguiram determinar se o exercício influenciava na aceleração da aterosclerose coronariana e morfologia da placa, pesquisadores utilizaram a pontuação CAC e ATC para investigar prospectivamente a associação entre o volume e intensidade do exercício e a progressão da aterosclerose coronária em uma coorte de 289 atletas masculinos, com média de idade de 54 anos, durante um período de acompanhamento de 6,3 anos.1

Entre os participantes do estudo, 44% se exercitaram em intensidade vigorosa (entre 6 e 9 MET [Equivalente Metabolico de Tarefa] horas/semana) e 34% em intensidade muito vigorosa (9 ou mais MET horas/semana). A prevalência de CAC e a mediana do escore CAC aumentaram de 52% para 71% e de 1 para 31, respectivamente. O volume de exercício durante o acompanhamento não foi associado a alterações no CAC ou na placa. Já o exercício de intensidade vigorosa foi associado a um aumento menor no escore CAC, enquanto o exercício de intensidade muito vigorosa foi associado a um aumento maior no escore CAC. O exercício muito vigoroso foi associado com o aumento da progressão da placa, especificamente com aumento de placas calcificadas.

Segundo os autores do estudo, a intensidade do exercício, mas não o volume, foi associada à progressão da aterosclerose coronariana durante o acompanhamento de 6 anos. Na opinião dos investigadores, é intrigante que o exercício de intensidade muito vigorosa esteja associado a um maior CAC e progressão da placa calcificada, e que o exercício de intensidade vigorosa esteja associado a menor progressão de CAC.1

 

Referências: 1. Aengevaeren VL, Mosterd A, Bakker EA, et al. Exercise Volume Versus Intensity and the Progression of Coronary Atherosclerosis in Middle-Aged and Older Athletes: Findings From the MARC-2 Study. Circulation. 2023;147(13):993-1003. 2. Eijsvogels TM, Molossi S, Lee DC, Emery MS, Thompson PD. Exercise at the Extremes: The Amount of Exercise to Reduce Cardiovascular Events. J Am Coll Cardiol. 2016;67(3):316-329. 3. Shiroma EJ, Lee IM. Physical activity and cardiovascular health: lessons learned from epidemiological studies across age, gender, and race/ethnicity. Circulation. 2010;122(7):743-752. 4. Sangiorgi G, Rumberger JA, Severson A, et al. Arterial calcification and not lumen stenosis is highly correlated with atherosclerotic plaque burden in humans: a histologic study of 723 coronary artery segments using nondecalcifying methodology. J Am Coll Cardiol. 1998;31(1):126-133. 5. Hou ZH, Lu B, Gao Y, et al. Prognostic value of coronary CT angiography and calcium score for major adverse cardiac events in outpatients. JACC Cardiovasc Imaging. 2012;5(10):990-999. 6. Silverman MG, Blaha MJ, Krumholz HM, et al. Impact of coronary artery calcium on coronary heart disease events in individuals at the extremes of traditional risk factor burden: the Multi-Ethnic Study of Atherosclerosis. Eur Heart J. 2014;35(33):2232-2241. 7. Aengevaeren VL, Mosterd A, Braber TL, et al. Relationship Between Lifelong Exercise Volume and Coronary Atherosclerosis in Athletes. Circulation. 2017;136(2):138-148. 8. Aengevaeren VL, Mosterd A, Sharma S, et al. Exercise and Coronary Atherosclerosis: Observations, Explanations, Relevance, and Clinical Management. Circulation. 2020;141(16):1338-1350. 9. Merghani A, Maestrini V, Rosmini S, et al. Prevalence of Subclinical Coronary Artery Disease in Masters Endurance Athletes With a Low Atherosclerotic Risk Profile. Circulation. 2017;136(2):126-137. 10. Möhlenkamp S, Lehmann N, Breuckmann F, et al. Running: the risk of coronary events : Prevalence and prognostic relevance of coronary atherosclerosis in marathon runners. Eur Heart J. 2008;29(15):1903-1910. 11. DeFina LF, Radford NB, Barlow CE, et al. Association of All-Cause and Cardiovascular Mortality With High Levels of Physical Activity and Concurrent Coronary Artery Calcification. JAMA Cardiol. 2019;4(2):174-181.

Este material tem caráter meramente informativo. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte sempre seu médico.
  • Para compartilhar
Você achou esse conteúdo útil?