Dia Internacional contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que a dependência em drogas lícitas ou ilícitas é uma doença. O uso indevido de substâncias como álcool, cigarro, crack e cocaína é um problema de saúde pública de ordem internacional que preocupa nações do mundo inteiro, pois afeta valores culturais, sociais, econômicos e políticos¹.
A Assembleia Geral das Nações Unidas decidiu proclamar 26 de junho como o Dia Internacional contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas, por meio da resolução 42/112 de 7 de dezembro de 1987, como expressão de sua determinação em reforçar a ação e a cooperação para alcançar o objetivo de uma sociedade internacional livre de droga, reconhecendo que, apesar de contínuos e crescentes esforços por parte da comunidade internacional, este problema continua a constituir uma ameaça grave para a saúde pública, a segurança e o bem-estar da humanidade, em particular os jovens².
Estima-se que cerca de 5,7% dos brasileiros sejam dependentes de drogas, índice que representa mais de 8 milhões de pessoas, segundo Levantamento Nacional de Famílias dos Dependentes Químicos (Lenad Família), feito pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)3. Entre as drogas ilícitas mais utilizados no país estão a maconha, com índice de consumo de 2,5% entre a população adulta e 3,5% entre os adolescentes, e a cocaína, com prevalência de consumo de 1,75%, que supera a dos Estados Unidos e atinge mais de quatro vezes a média mundial (0,4%), de acordo com o relatório da UNODC3.
Tipos¹
- Maconha - O uso crônico está associado a problemas respiratórios, já que a fumaça é irritante e seu teor de alcatrão é muito alto, além de conter benzopireno, substância cancerígena. As consequências do uso da maconha são semelhantes aos do tabaco: hipertensão, asma, bronquite, cânceres, doenças cardíacas e doenças crônicas obstrutivas aéreas. No caso de pessoas com transtornos psicóticos (pré-existentes) pode ocorrer um agravamento do quadro, como a esquizofrenia. Seu uso regular acarreta problemas cognitivos como o comprometimento do rendimento intelectual, perda de memória e da habilidade de resolver problemas. A abstinência é caracterizada pela ansiedade, insônia, perda de apetite, tremor das mãos, sudorese, reflexos aumentados, bocejos e humor deprimido.
- Cocaína - É uma substância psico-estimulante, consumida de diferentes formas: aspirada, via intravenosa ou fumada (crack). O consumo da cocaína em grande parte dos usuários aumenta progressivamente, pois é necessário consumir maiores quantidades para atingir o efeito desejado. No Brasil, por exemplo, a cocaína é a substância mais utilizada pelos usuários de drogas injetáveis. Muitas dessas pessoas compartilham agulhas e seringas e expõem-se ao contágio de várias doenças como hepatite e Aids.
- Crack - É resultante da mistura de cocaína, bicarbonato de sódio ou amônia e água destilada, resultando em grãos que são fumados em cachimbos. O consumo do crack é maior que o da cocaína, pois é mais barato e seus efeitos duram menos. Além disso, tem terrível ação sobre o sistema nervoso central e cardíaco.
- Anfetaminas - São drogas sintéticas de efeito estimulante do sistema nervoso central e só podem ser comercializadas sob prescrição médica. Um tipo de anfetamina ilícita não encontrada em farmácias é o êxtase. Seu uso indevido e prolongado pode provocar alterações psíquicas, lesões cerebrais e aumento do risco de convulsões, além da overdose.
- Calmantes e sedativos - Os medicamentos capazes de diminuir a atividade do cérebro são chamados de sedativos, já os que são capazes de diminuir a dor são conhecidos como analgésicos. Os hipnóticos ou soníferos são os sedativos capazes de afastar a insônia, já os ansiolíticos têm o poder de atuar sobre estados exagerados de ansiedade.
- Alcoolismo - é uma doença crônica, com aspectos comportamentais e socioeconômicos, caracterizada pelo consumo compulsivo de álcool, na qual o usuário se torna progressivamente tolerante à intoxicação produzida pela droga e desenvolve sinais e sintomas de abstinência, quando a mesma é retirada. Além da já reconhecida predisposição genética para a dependência, outros fatores podem estar associados: ansiedade, angústia, insegurança, fácil acesso ao álcool e condições culturais.
Prevenção
A dependência química é um problema grave, que pode afetar qualquer pessoa. Por isso, estar sempre bem informado é a melhor maneira de evitar que a doença se instale e prejudique uma vida3. Muitas pessoas não entendem o porquê de outros indivíduos se tornarem viciados em drogas. Erroneamente, acredita-se que aqueles que usam drogas carecem de princípios morais ou força de vontade e que eles poderiam interromper o uso dessas substâncias em qualquer momento. Na verdade, o vício em drogas é considerado uma doença complexa e crônica, que requer tratamento3.
As drogas mudam o cérebro de uma maneira que torna o abandono dessas substâncias muito difícil, mesmo para aqueles que o desejam3. As alterações cerebrais que ocorrem desafiam o autocontrole da pessoa viciada e interferem em sua capacidade de resistir aos impulsos intensos de consumir drogas3. As mudanças cerebrais podem ser persistentes, razão pela qual o vício em drogas é considerado uma doença crônica, que leva a recaídas, pois quem está em recuperação têm um risco maior de voltar a usar drogas, mesmo depois de anos sem consumir nada3.
As mais exitosas abordagens de prevenção do uso de drogas incluem o papel essencial da família, da escola e da comunidade em geral no fortalecimento de fatores de proteção que garantam uma infância e uma adolescência saudáveis, livres de riscos e que ofereçam meios viáveis e legítimos de subsistência aos adultos4. Não existe uma solução única aplicável a todos os contextos, quando tratamos dos desafios do uso problemático de drogas4. Cada comunidade representa um conjunto único de problemas e circunstâncias3. Por isso, as melhores abordagens são aquelas medidas adaptadas às circunstâncias e elaboradas com a participação de todos os setores interessados da sociedade – desde as famílias e escolas até os locais prestadores de serviços de saúde e os operadores da lei4.
Fontes: 1. 20/02 - Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo – Biblioteca Virtual em Saúde. Ministério da Saúde. Último acesso no dia 22 de junho de 2020. 2. Dia Internacional da Luta contra o uso Indevido e o Tráfico de Drogas 2014 traz "Uma mensagem de esperança" – Organização Pan-Americana de Saúde. Último acesso no dia 22 de junho de 2020. 3. Dia Internacional de Combate às Drogas - CURA – Centro de Ultrassonografia e radiologia SA. Último acesso em 10 de junho de 2021. 4. Campanha Mundial Sobre Drogas - Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). Último acesso em 10 de junho de 2021.