O avanço da medicina 4P no Brasil
Saiba mais sobre o progresso desse conceito no país
Focar em prevenção na área médica vem ganhando um novo fôlego com o avanço de tecnologias capazes de acompanhar as condições de saúde de pacientes com diagnósticos diversos – e até mesmo do surgimento de enfermidades. É o caso de tecnologias como o 5G, que podem viabilizar a chamada medicina 4P no Brasil. A estratégia surge com o objetivo de ser mais preditiva, preventiva, participativa e personalizada.1
A concepção desse tipo de abordagem existe há mais de 20 anos, mas colocá-la em prática tornou-se mais viável desde o ano passado.1 É que foi regulamentada a legislação que implementa o exercício da telessaúde em todo o país.2 A Lei 14.510/223 foi sancionada e publicada no Diário Oficial da União, após a revogação de uma legislação de 2020, que autorizou a telemedicina durante a pandemia de Covid-19. O texto considera a modalidade como uma prestação de serviços de saúde à distância, por meio de tecnologias da informação e comunicação.2
A nova norma abrange todas as profissões regulamentadas na área da saúde. Com isso, cabe ao Sistema Único de Saúde (SUS) desenvolver ações para a prevenção de doenças por causas evitáveis, por exemplo.2
Os 4Ps da medicina
A medicina 4P é um conceito que busca a personalização do cuidado médico, levando em consideração as características individuais de cada paciente. Ela é baseada nos quatro pilares: a medicina preditiva, preventiva, personalizada e participativa.4
O objetivo da prática preditiva é identificar precocemente doenças e condições que possam se manifestar no paciente. Antes mesmo que os sintomas apareçam, o paciente passa para a etapa seguinte, a medicina preventiva, que que busca evitar o surgimento de doenças e complicações de saúde.4 A medicina personalizada leva em consideração as características individuais de cada paciente, oferecendo um acompanhamento mais preciso e individualizado.4
Por fim, a prática participativa envolve uma abordagem mais integrada e humanizada, com um acompanhamento mais próximo do paciente e a participação ativa dele nas decisões referentes aos seus tratamentos e cuidados com a saúde. É realizado um acompanhamento em tempo real, entendendo as implicações de cada decisão e tendo autonomia para escolher o que é melhor para si.4
Medicina 4P: avanços no Brasil
Para a viabilização de tudo isso, é necessário contar com o emprego da tecnologia e da telemedicina. O 5G e as novas tecnologias de conexão, que começaram a chegar ao Brasil no ano passado, são essenciais para atingir o modelo ideal de tráfego de dados e armazenamento de informações.1O caminho é: dar acesso, colher dados, gerar insights e formar políticas de saúde que atendam cada vez mais pessoas de forma igualitária.1
Na prática, médicos e pacientes conseguem trocar informações em tempo real, por conta da velocidade de transmissão de dados e estabilidade da conexão. O paciente consegue, de dentro de casa, receber informações ativas sobre sua saúde.1 A partir desses dados personalizados, a inteligência artificial é capaz de sugerir ao médico, analisar e apontar a melhor solução.1
Medicina 4P na prática
Tudo sempre começa pela predição. Um paciente com histórico de pressão alta, por exemplo, pode monitorar suas condições de saúde por meio de um smartwatch. A partir das informações do aparelho, é possível fazer um gráfico de tendência de como está a pressão ao longo do tempo.5 Caso apareça alguma alteração, o médico é alertado e pode acionar o paciente para uma consulta antes de um possível evento cardíaco. Em seguida, é feito um programa de prevenção.5
No consultório, o médico vai analisar os dados da inteligência artificial e, também, os relatos do paciente. As soluções adotadas são personalizadas para atender a demanda específica.5 Ao paciente não cabe apenas tomar um remédio e esperar pela melhora. Ele passa a participar ativamente da gestão de sua própria saúde, com adoção de novos hábitos e comportamentos de vida.5
A medicina 4P também é um excelente recurso, por exemplo, nos cuidados com a paciente obstétrica, uma vez que cada gestação pode apresentar particularidades que exigem um acompanhamento personalizado e individualizado.5 A obstetrícia preditiva, preventiva, personalizada e participativa são vertentes da medicina 4P que buscam oferecer um cuidado mais preciso, individualizado e integrado para cada gestante. Com o uso de tecnologias avançadas e uma abordagem mais humanizada, isso é possível.4
A chamada medicina do futuro também já está presente em várias outras situações na área médica. Com a inteligência artificial abastecida pelas informações dos pacientes, é possível ter mais precisão no diagnóstico de doenças, reduzindo as chances de erro. Então, ao invés de curá-las, a medicina do futuro passa a atacar as causas das doenças.6
Quando antes o médico levava mais tempo para examinar o paciente para descobrir a doença, agora essa etapa é suprida pela tecnologia. Isso não quer dizer que as máquinas estão substituindo os médicos. Pelo contrário, a tecnologia atua como um suporte fundamental para o trabalho dessa rede de profissionais.6