Por que evitar o uso de mamadeira e chupeta?
Cerca de dois terços das crianças receberão mamadeiras e chupetas em algum momento do seu primeiro ano de vida¹. O uso desses utensílios pode afetar o processo de amamentação e produzir alterações na saúde da criança, causando interrupção do aleitamento materno¹. Na história da humanidade, os bicos artificiais assumiram diferentes funções e representações socioculturais¹. Estudos sobre as características dos usuários de chupeta apontam uso mais frequente entre os primogênitos meninos, bebês de baixo peso ao nascer, menores de 6 meses, não amamentados na maternidade e aqueles amamentados em horários preestabelecidos¹.
Aleitamento materno³
O leite materno é o alimento ideal para o bebê recém-nascido e é recomendado como o único alimento nos seis primeiros meses de vida, com introdução de alimentos complementares e continuação da amamentação a partir de então e até os dois anos de idade ou mais. Para a sobrevivência do bebê é importantíssimo que o leite materno não seja substituído, pois atende todas as necessidades nutricionais, imunológicas e psicológicas. Para o bebê e a criança, os argumentos em favor do aleitamento materno são:
-
Prevenção de mortes infantis;
- Prevenção de diarreia;
- Prevenção de infecção respiratória;
- Diminui o risco de alergias;
- Diminui o risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes;
- Reduz a chance de obesidade;
- Melhor nutrição;
- Melhor desenvolvimento da cavidade bucal.
Argumentos contra o uso de chupeta e mamadeira²
As principais evidências encontradas sobre o efeito negativo do uso de chupeta e mamadeira foram sistematizadas e agrupadas segundo as consequências em cada aspecto da saúde da criança, apresentadas a seguir:
Funções orais e amamentação: Pode prejudicar a correta maturação funcional do sistema estomatognático, alterando a postura e a tonicidade dos músculos, e podem causar deformações esqueléticas na boca e na face;
Dentição: Os dentes sofrem pressões de forças provenientes da musculatura da face e da língua durante as funções realizadas pelo sistema estomatognático. Essas forças musculares, quando adequadas, promovem ação modeladora; entretanto, em condições inadequadas, podem conduzir a alterações anatômico-funcionais indesejáveis. A persistência do hábito após os 3 anos da criança aumenta significativamente a probabilidade de o indivíduo apresentar características oclusais indesejáveis. As alterações mais frequentemente encontradas entre crianças usuárias de chupetas e mamadeira são mordida aberta anterior e mordida cruzada posterior;
Otite média aguda: a otite média é caracterizada pela presença de líquido no ouvido médio. Na sucção da chupeta e da mamadeira, não é exigido o mesmo nível de organização e pressão negativa que na sucção da mama, não existindo o constante estímulo do músculo responsável pela abertura da tuba auditiva e que tem um importante papel na prevenção das otites médias. Estudos apontam uma ocorrência 33% maior de otite média nas crianças menores de 18 meses que utilizam chupeta e mamadeira;
Segurança química, física e imunológica: as chupetas e mamadeiras são consideradas potenciais reservatórios de infecção, podendo afetar o sistema imunológico da criança. O uso está associado com maior incidência da doença diarreica e mortalidade infanti e com o aumento da probabilidade de hospitalização e de eventos de respiração ruidosa, asma, dor de ouvido, vômitos, febre, diarreia, cólicas, aftas e candidíase oral;
Níveis de inteligência: o único estudo até o momento que avaliou a influência do hábito de utilizar chupeta ou mamadeira no desempenho em testes de inteligência na vida adulta constatou que os indivíduos que usavam chupeta e mamadeira na infância apresentaram desempenho 16% menor do que os que não tinham esse hábito. A possível explicação para essa associação está ligada ao ambiente social em que a criança se desenvolve, A criança que utiliza chupeta e mamadeira provavelmente solicita menos atenção dos pais/cuidadores e, como consequência, é menos estimulada;
Vícios orais na vida adulta: hábitos orais não-nutritivos podem ser substituídos ao longo da vida por comportamentos prejudiciais tais como fumar, comer excessivamente ou outros transtornos compulsivos. Estudo recente constatou que o uso prolongado (mais de 24 meses) de chupeta e mamadeira na infância pode favorecer o início do uso do cigarro na adolescência.
Fontes: 1. Determinantes do uso de chupeta e mamadeira – Scielo/ Revista Saúde Pública. Último acesso no dia 6 de agosto de 2019. 2. Uso de chupeta em crianças amamentadas: prós e contras – Sociedade Brasileira de Pediatria. Último acesso no dia 6 de agosto de 2019. 3. A IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO ATÉ OS SEIS MESES DE IDADE – Uniedu – Santa Catarina. Último acesso no dia 17 de julho de 2019.