O Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI), conhecido popularmente como Transtorno de Personalidade Múltipla, é uma condição psicológica rara que afeta aproximadamente 1,5% da população (3). 

Conforme classificado no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSMV), anteriormente conhecido como Transtorno de Múltiplas Personalidades, é uma condição complexa, caracterizada pela presença de duas ou mais identidades ou estados de personalidade distintos1, além da desconexão da realidade.  

Cada uma dessas identidades apresenta diferenças significativas em sua percepção, relacionamento e pensamento, criando um quadro clínico desafiador. Esse fenômeno envolve mecanismos inconscientes que segregam um grupo de processos mentais ou comportamentais do restante da atividade psicológica da pessoa (1). 

Essa segregação resulta na interrupção de uma ou mais funções mentais, como memória, identidade, percepção, consciência e/ou comportamento motor, criando um complexo campo de estudo para a psicologia (1). 

Dentre os principais sintomas está a amnésia, condição que é comum ao não se lembrar de ações enquanto outra personalidade estiver no controle (2). 

Principais causas 

Recentes estudos sobre o Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI) lançam luz sobre sua possível relação com experiências traumáticas na infância, com destaque para casos de maus-tratos. Dados médicos revelam que entre os adultos diagnosticados com esse transtorno, aproximadamente 95% descrevem terem sido vítimas de traumas durante sua infância. Abusos físicos e sexuais também emergem como causas frequentemente mencionadas pelos pacientes (1). 

É importante destacar que, até o momento, não existem evidências sólidas que apontem para uma origem genética do TDI. Este cenário enfatiza o impacto das experiências traumáticas na infância, destacando seu papel preponderante na manifestação desse complexo transtorno. A compreensão dessas conexões é crucial para a melhoria da qualidade de vida e tratamento dos afetados (1). 

Tratamento 

Por ser uma jornada complexa, é recomendado iniciar com a psicoterapia para garantir a estabilidade e segurança dos pacientes. Em seguida, a exploração das experiências traumáticas e o entendimento das diversas personalidades surgem como passos cruciais para compreender o que motiva a manifestação dessas identidades (1).  

A comunidade médica ainda não chegou a um consenso sobre tratamentos farmacológicos, embora alguns pacientes recorram a medicamentos sob estrita prescrição médica para evitar situações de autoagressão (1). 

A abordagem principal envolve terapias psicológicas, particularmente a terapia cognitivo-comportamental, com medicamentos que afetam a serotonina sendo usados para controlar sintomas depressivos e estabilizar o humor. Terapias familiares, em grupo e ocupacionais, também desempenham um papel importante (2). 

Para os pacientes não tratados, o prognóstico é sombrio, com um risco aumentado de envolvimento em comportamentos violentos e, nos casos mais graves, suicídio. Portanto, a busca por diagnóstico e tratamento precoces é essencial para oferecer esperança de uma vida mais estável e saudável para aqueles enfrentando o TDI (1,2). 

Referências: 1. Transtorno dissociativo de identidade (múltiplas personalidades). Hospital Albert Einstein. Último acesso: 18 de outubro de 2023. 2. O que é Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI)?. Neurosaber. Último acesso: 18 de outubro de 2023. 3. Transtorno dissociativo de identidade é raro e acomete 1,5% da população. USP. Último acesso: 18 de outubro de 2023.