Como entender interações medicamentosas?
Saiba quais são os cuidados ao misturar medicamentos e quais são os principais riscos
Interações medicamentosas são um evento clínico em que os efeitos de um ou mais medicamentos são alterados pela presença de outro remédio, alimento, bebida ou algum agente químico ambiental. (1,2)
As respostas decorrentes das interações medicamentosas acontecem quando dois medicamentos potencializam o efeito terapêutico, reduzem a eficácia ou causam reações adversas com distintos graus de gravidade. (1,2)
Como agem?
Quando isso ocorre, o desfecho pode ser perigoso promovendo aumento da toxicidade de um remédio. (1)
As interações de medicamentos benéficos são fundamentais e úteis em diversas doenças, como a co-prescrição deliberada de anti-hipertensivos e diuréticos, porém, as que são adversas podem causar efeitos indesejados dos medicamentos e desenvolver ineficácia terapêutica e colocar em risco a vida do paciente. (1,2)
Existem alguns fatores que podem interferir no funcionamento entre os medicamentos, como idade, constituição, genética, estado fisiopatológico e tipo de alimentação, além da administração do medicamento, que também influi na resposta ao tratamento. (2)
Leia mais sobre a importância de notificar eventos adversos no artigo aqui.
Grupos de riscos
Todo mundo pode ser submetido a dois ou mais medicamentos - interações medicamentosas - e ficar expostos aos efeitos das interações adversas, ocasionadas pela interação medicamentosa, porém existem determinados grupos que são mais suscetíveis (2), como:
- Idosos: na degeneração dos sistemas orgânicos, excesso de medicamentos prescritos, tempo de tratamento, a prática da automedicação e os distúrbios de órgãos são alguns itens que podem ampliar a possibilidade de interações adversas (2);
- Portadores de doenças crônicas, como cardiopatias, hepatopatias e nefropatias ou pacientes que possuem câncer, síndrome da imunodeficiência adquirida, lúpus, artrite reumatóide ou que são submetidos à terapia com agentes imunossupressores (corticosteróides, quimioterápicos antineoplásicos, modificadores de respostas biológicas, entre outros), que devem realizar protocolos de tratamento com múltiplos medicamentos e por tempo prolongado (2);
- Sonda enteral: a introdução de medicamentos em forma de comprimidos ou drágeas - pela sonda enteral - pode facilitar a associação de remédios não compatíveis entre si, causando reações indesejadas (2).
Conheça nossa cartilha sobre como utilizar conscientemente medicamentos neste link.
Classificação das Interações
As interações medicamentosas ocorrem por meio de vários mecanismos e podem ser classificadas em físico-químicas (3), farmacocinéticas (3), de efeito (1) e farmacodinâmicas (3).
- As físico-químicas são quando os medicamentos são misturados em fluídos intravenosos (como seringa, soro ou qualquer outro recipiente), causando precipitação ou inativação, chamadas de “incompatibilidades químicas”. (3)
- Já as farmacocinéticas funcionam quando um dos remédios modifica a absorção, distribuição, biotransformação e excreção de outro medicamento que foi administrado ao mesmo tempo. (3)
- Existem as de efeito, que ocorrem quando dois ou mais medicamentos usados de maneira simultânea têm ações farmacológicas similares ou opostas, como o caso do álcool, que reforça o efeito sedativo de hipnóticos e anti-histamínicos. (1)
E, por fim, as farmacodinâmicas, que promovem efeitos semelhantes aos da farmacocinéticas, porém tem como resultado a simples adição, somação ou potenciação do medicamento no paciente. (3)
Entenda os riscos
Embora nem toda interação medicamentosa seja ruim, é preciso estar atento aos riscos de misturar - sem prescrição médica e intenção prévia - dois ou mais medicamentos. Há 3 situações em que se observa maior risco de interações medicamentosas: uso terapêutico errado, prescrição médica incorreta e automedicação (4).
E as consequências podem variar, como dores pelo corpo, sangramentos e até problemas cardíacos, podendo, até mesmo, ser fatal (4).
Para minimizar o risco de ocorrência de interações medicamentosas, é preciso optar pela informação, pois a incidência de reações adversas causadas pelas interações medicamentosas não são tão conhecidas, dada a dificuldade de sistematizar, num banco de dados, os números e os tipos de pacientes para os quais foram prescritas as combinações com potencial para problemas. (5)
Conheça alguns dados que a FioCruz disponibilizou sobre interações medicamentosas que são indesejáveis e quais seus riscos (4):
Fonte: Fiocruz
Fonte: Fiocruz
Referências: 1. Interações Medicamentosas. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos/MS. Último acesso em 17 de abril de 2023. 2. Interações medicamentosas: fundamentos para a prática clínica da enfermagem. USP/SP. Último acesso em 17 de abril de 2023. 3. Interação medicamentosa. Conselho Federal de Farmácia. Último acesso em 17 de abril de 2023. 4. Interação medicamentosa: entenda os riscos de se medicar sem orientação. Fiocruz. Último acesso em 18 de abril de 2023. 5. Interações medicamentosas: uma contribuição para o uso racional de imunossupressores sintéticos e biológicos. Scielo. Último acesso em 18 de abril de 2023.
Este material tem caráter meramente informativo. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte sempre seu médico.