Precisamos falar sobre suicídio
Falar com alguém sobre o suicídio pode aliviar a angústia, a tensão e uma tragédia em potencial
Este mês de setembro é conhecido mundialmente como o de prevenção ao suicídio. Assim, desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM, organiza nacionalmente a campanha Setembro Amarelo no Brasil¹. Todos os anos são registrados cerca de 12 mil suicídios no Brasil e mais de 1 milhão no mundo¹. Trata-se de uma triste realidade, que contabiliza cada vez mais casos, principalmente entre os jovens¹. Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais¹. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias¹. Por isso, a campanha tem o objetivo de prevenir, conscientizar e reduzir estes números¹.
O suicídio pode ser definido como um ato deliberado executado pelo próprio indivíduo, cuja intenção seja a morte, de forma consciente e intencional, mesmo que com sentimentos opostos, usando um meio que ele acredita ser letal². Também fazem parte do que habitualmente chamamos de comportamento suicida os pensamentos, os planos e a tentativa de suicídio². O suicídio é um fenômeno presente ao longo de toda a história da humanidade, em todas as culturas². É um comportamento com determinantes multifatoriais e resultado de uma complexa interação de fatores psicológicos e biológicos, inclusive genéticos, culturais e socioambientais².
Estigma
Durante séculos de nossa história, por razões religiosas, morais e culturais o suicídio foi considerado um grande pecado². Por esta razão, ainda temos medo e vergonha de falar abertamente sobre esse importante problema de saúde pública². Este é um tabu, arraigado em nossa cultura, que é fundamental lutar para que a prevenção seja bem-sucedida². Erros e preconceitos vêm sendo repetidos, contribuindo para formação de um estigma em torno da doença mental e do comportamento suicida². O estigma resulta de um processo em que pessoas são levadas a se sentirem envergonhadas, excluídas e discriminadas². O conhecimento pode contribuir para a desconstrução deste estigma².
Falar sobre suicídio não aumenta o risco². Muito pelo contrário, falar com alguém sobre o assunto pode aliviar a angústia e a tensão que esses pensamentos trazem². Os suicidas estão passando quase invariavelmente por uma doença mental que altera, de forma radical, a sua percepção da realidade e interfere em seu livre arbítrio². O tratamento eficaz da doença mental é o pilar mais importante da prevenção do suicídio². Após o tratamento da doença mental o desejo de se matar desaparece².
Diante de uma pessoa sob risco de suicídio, o que se deve fazer³?
Encontre um momento apropriado e um lugar calmo para falar sobre suicídio com essa pessoa. Deixe-a saber que você está lá para ouvir, ouça-a com a mente aberta e ofereça seu apoio.
- Incentive a pessoa a procurar ajuda de profissionais de serviços de saúde, de saúde mental, de emergência ou apoio em algum serviço público. Ofereça-se para acompanhá-la a um atendimento.
- Se você acha que essa pessoa está em perigo imediato, não a deixe sozinha. Procure ajuda de profissionais de serviços de saúde, de emergência e entre em contato com alguém de confiança, indicado pela própria pessoa.
- Se a pessoa com quem você está preocupado(a) vive com você, assegure-se de que ele(a) não tenha acesso a meios para provocar a própria morte (por exemplo, pesticidas, armas de fogo ou medicamentos) em casa.
- Fique em contato para acompanhar como a pessoa está passando e o que está fazendo.
Onde buscar ajuda para prevenir o suicídio³?
- CAPS e Unidades Básicas de Saúde (Saúde da família, Postos e Centros de Saúde).
- UPA 24H, SAMU 192, Pronto Socorro; Hospitais.
- Centro de Valorização da Vida – 188 (ligação gratuita) – o CVV realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, email, chat e voip 24 horas todos os dias.
Fontes: 1. Campanha Setembro Amarelo. Associação Brasileira de Psiquiatria. Último acesso em 29 de julho de 2021. 2. Suicídio: informando para prevenir. Associação Brasileira de Psiquiatria. Último acesso em 29 de julho de 2021. 3. Prevenção do suicídio: sinais para saber e agir. Ministério da Saúde. Último acesso em 29 de julho de 2021.