Autismo em Mulheres e Meninas: Por Que o Diagnóstico Costuma Ser Mais Tardio e Como Mudar Isso
Entenda os desafios do reconhecimento do autismo em mulheres e descubra como promover diagnósticos mais precisos e precoces.
Você sabia que o Transtorno do Espectro Autista (TEA), comumente associado a meninos, apresenta características diferentes em meninas e mulheres, o que frequentemente leva a diagnósticos tardios ou até mesmo à ausência de diagnóstico? ¹. Essa disparidade não reflete uma menor incidência, mas sim uma complexidade maior em reconhecer os sinais em corpos femininos. Entender as particularidades do autismo em mulheres e meninas é crucial para garantir o apoio necessário.
Historicamente, a pesquisa e os critérios de diagnóstico para o autismo foram amplamente baseados em estudos com meninos. Isso criou um estereótipo de autismo que muitas vezes não se alinha com a forma como o TEA se manifesta em meninas. Um dos principais fatores que contribuem para o diagnóstico tardio é a diferença na apresentação dos sintomas ¹. Enquanto meninos podem exibir comportamentos mais externalizados, como hiperatividade e interesses restritos mais óbvios (ex: fixação por trens ou dinossauros), meninas tendem a mascarar seus desafios sociais. Elas desenvolvem habilidades sociais compensatórias, observando e imitando o comportamento de outras meninas neurotípicas. Isso é conhecido como "masking" ou camuflagem social ².
Essa capacidade de camuflagem leva as meninas a apresentar menos dificuldades evidentes em ambientes sociais, como a escola, o que pode passar despercebido por pais e professores. Muitas vezes, os desafios internos, como ansiedade, esgotamento mental devido ao esforço constante para se encaixar e dificuldades de processamento sensorial, não são visíveis para quem está de fora ¹. Além disso, os interesses restritos em meninas podem ser mais "socialmente aceitáveis" ou menos óbvios, como uma paixão intensa por cavalos, personagens fictícios, moda ou música pop, o que não levanta alertas tão facilmente quanto interesses menos convencionais. Outro ponto é que, em vez de explosões de raiva ou hiperatividade, meninas podem se manifestar com seletividade alimentar, problemas de sono, ansiedade social ou até depressão, sintomas que são frequentemente atribuídos a outras condições, mascarando o autismo ¹.
Para mudar esse cenário e promover diagnósticos mais precoces e precisos em meninas e mulheres, é fundamental adotar uma nova perspectiva. Primeiramente, é necessário que profissionais de saúde e educação recebam treinamento específico para reconhecer os sinais atípicos do autismo em meninas. Isso inclui não apenas os critérios clássicos, mas também as nuances de camuflagem social e os padrões de interesses restritos menos óbvios. A escuta ativa de pais e das próprias meninas e mulheres, que muitas vezes relatam dificuldades internas, sensoriais e sociais que não são imediatamente visíveis, é crucial ².
Além disso, é importante ampliar a conscientização sobre a diversidade na apresentação do autismo. Campanhas educativas podem ajudar a dissipar o estereótipo do autismo "masculino", mostrando que o espectro é vasto e se manifesta de muitas formas diferentes. Encorajar a pesquisa focada em gênero no TEA também é essencial para desenvolver ferramentas de triagem e diagnóstico mais sensíveis às particularidades femininas ¹. Ao desvendar os desafios de reconhecer o autismo em mulheres e meninas e ao promover um olhar mais atento e informado, podemos garantir que mais indivíduos recebam o diagnóstico e o suporte de que precisam para florescer.
O autismo em mulheres e meninas não é uma condição rara, mas sim uma realidade muitas vezes não identificada devido a vieses e à forma sutil como se manifesta. Ao aumentar a conscientização, treinar profissionais e validar as experiências de quem camufla seus sintomas, podemos diminuir o tempo para o diagnóstico e garantir que todas as pessoas no espectro recebam o apoio e a compreensão que merecem para uma vida plena e feliz. O conhecimento é a chave para a inclusão.
Referências
1. UNIFESP. O Desafio do Diagnóstico Tardio em Meninas no Espectro Autista.
Disponível em: https://repositorio.unifesp.br/items/64123382-0216-463a-8e83-0a9786cbbc2a. Acesso em: 25 jul. 2025.
2. IPQHC. Diagnóstico precoce de autismo é mais difícil em meninas: conheça os sinais do transtorno.
Disponível em: https://ipqhc.org.br/2024/04/02/diagnostico-precoce-de-autismo-e-mais-dificil-em-meninas-conheca-os-sinais-do-transtorno/. Acesso em: 25 jul. 2025.