Cirurgia robótica: tendências e desafios da modalidade no Brasil
Modalidade é regulamentada pelo CFM, que determina critérios para profissionais e centros médicos acerca da realização da cirurgia robótica
Cirurgia robótica ganha espaço no Brasil, mas custos ainda são desafios
Modalidade é regulamentada pelo CFM, que determina critérios para profissionais e centros médicos acerca da realização da cirurgia robótica.
No dia 30 de março de 2008, acontecia a primeira cirurgia robótica no Brasil1. Desde aquela manhã de domingo, muito se avançou em tecnologia e na abrangência desse procedimento. A estimativa é que, nesses últimos 15 anos, mais de 105 mil procedimentos tenham sido feitos por meio dessa modalidade, sendo que 88 mil dessas cirurgias foram realizadas somente nos últimos cinco anos2. No entanto, os custos envolvidos, a falta de cobertura de planos e da disponibilização pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ainda são entraves.
A entrada de dois novos fabricantes no mercado nacional, que até então contava com apenas uma plataforma3 pode levar a uma diminuição dos custos e na oferta de atendimento aos pacientes. Estima-se que em todo mundo, mais de 10 milhões de pacientes já se beneficiaram dos recursos oferecidos por cirurgias robóticas, em procedimentos das mais variadas especialidades médicas3.
Essa rápida expansão levou o Conselho Federal de Medicina (CFM) a regulamentar a cirurgia robótica no país, com a edição da Resolução CFM nº 2.311/20224, determinando critérios para profissionais e centros médicos.
Integração médico-robô
As cirurgias auxiliadas por robô não são realizadas exclusivamente por máquinas. Pelo menos por enquanto. Conforme o determinado pela resolução do CFM, essas cirurgias devem ser realizadas apenas em hospitais que tenham Serviços Especializados de Cirurgia Robótica e atendam às normas de segurança da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do CFM. O procedimento é conduzido por médicos que possuem Registro de Qualificação de Especialista (RQE) no Conselho Regional de Medicina (CRM) na área cirúrgica relacionada à operação e ainda terem passado por treinamento específico em cirurgia robótica4.
Ela consiste em uma cirurgia por acesso laparoscópico, que são pequenas incisões por onde são introduzidas a câmera e pinças cirúrgicas, na qual os movimentos dos instrumentos são feitos por braços robóticos. Esses movimentos são feitos pelo cirurgião em um console que controla os braços robóticos por meio de joysticks5.
Benefícios aos pacientes e à equipe médica
A cirurgia robótica é considerada modalidade minimamente invasiva4. Por isso, possibilita muitas vantagens ao paciente como menos dor, traumas ou complicações, sangramento reduzido, alta precoce e breve retorno às atividades normais6. Isso é creditado ao nível de precisão dos movimentos realizados pelos instrumentos robóticos dos equipamentos6.
Já para os profissionais da saúde, a modalidade proporciona melhor ergonomia ao cirurgião, já que ele realiza a cirurgia sentado e com os braços apoiados, o que representa um ganho especialmente em procedimentos longos, além de uma melhor movimentação de instrumentos7.
Desafios
Os cuidados e riscos são os de outros procedimentos cirúrgicos, como riscos potenciais de infecções e anestesia. No entanto, há o risco adicional de falha mecânica e em componentes, como mau funcionamento de câmera, lentes, instrumentos e fonte de energia8.
Uma outra desvantagem é relacionada à cobertura de planos de saúde, que ainda é parcial e o fato desse tipo de cirurgia ainda é bastante limitada dentro da cobertura pelo Sistema Único de Saúde2.
Atualmente, os planos de saúde arcam com alguns valores envolvidos nas cirurgias, mas a taxa de utilização do robô é custeada pelo paciente – algo em torno de R$ 7 a R$ 8 mil dependendo da instituição2.
No entanto, a chegada de novos fornecedores de robôs cirúrgicos no cenário nacional pode justamente colaborar com a redução, tanto do investimento das unidades de saúde nessa tecnologia, quanto no custo do procedimento para o paciente. A expectativa é que a que a taxa pela utilização dos robôs caia 30%2, por exemplo.
Referências
1. Hospital Israelita Albert Einstein. Brasil comemora 10 anos de cirurgia robótica. Disponível em: https://www.einstein.br/sobre-einstein/imprensa/press-release/brasil-comemora-10-anos-de-cirurgia-robotica 2. AMB. Cirurgia robótica cresce 417% no País e chegada de novos fabricantes promete baratear custo; entenda. Disponível em: https://amb.org.br/brasilia-urgente/cirurgia-robotica-cresce-417-no-pais-e-chegada-de-novos-fabricantes-promete-baratear-custo-entenda/ 3. SOBRA News. Cirurgia robótica – o que esperar nas novas plataformas. Disponível em: https://issuu.com/staicomputadores/docs/sobranews_2022_80?e=1669766/94936417 4. Conselho Federal de Medicina. CFM regulamenta a cirurgia robótica no Brasil. Disponível em: https://portal.cfm.org.br/noticias/cfm-regulamenta-a-cirurgia-robotica-no-brasil/#:~:text=A%20cirurgia%20rob%C3%B3tica%20deve%20ser,equipe%2C%20como%20anestesista%20e%20enfermeiros. 5. Instituto de Cirurgia Robótica. Como funciona a Cirurgia Robótica? Disponível em: https://www.institutodecirurgiarobotica.com/especialidades-cirurgia-robotica/como-funciona-cirurgia-robotica/ 6. Jornal da USP. Cirurgia robótica, além de menos invasiva, traz mais segurança. Disponível em https://jornal.usp.br/atualidades/cirurgia-robotica-alem-de-menos-invasiva-traz-mais-seguranca/#:~:text=As%20cirurgias%20rob%C3%B3ticas%20v%C3%AAm%20ganhando,vez%20em%20uma%20bi%C3%B3psia%20neurocir%C3%BArgica 7. Hospital Israelita Albert Einstein. Cirurgia robótica: saiba tudo sobre a tecnologia. Disponível em: https://vidasaudavel.einstein.br/cirurgia-robotica/ 8. Uromedical. Cirurgia Robótica: Vantagens x Desvantagens. Disponível em: https://uromedical.com.br/cirurgia-robotica-vantagens-desvantagens/




















