Cólica forte é normal? O que pode estar por trás da dor menstrual intensa
Quando a dor foge do controle, pode ser sinal de condições como endometriose
A cólica menstrual, conhecida clinicamente como dismenorreia, é uma realidade para muitas mulheres que menstruam. Uma dor leve a moderada, que passa com analgésicos comuns e não impede as atividades diárias, é considerada parte do ciclo menstrual. No entanto, quando essa dor é intensa, incapacitante e se torna um sofrimento mensal, pode ser um sinal de que algo mais sério está acontecendo. Cólica forte não é normal e exige investigação. ¹
Diferença entre cólica comum e cólica patológica¹
A diferença entre a cólica comum e de que algo não está bem é a intensidade e o impacto nas atividades cotidianas. A cólica "normal" (dismenorreia primária) é causada pela contração do útero para expelir o endométrio, e geralmente diminui com a idade. Já a cólica patológica (dismenorreia secundária) é frequentemente severa, pode não responder a analgésicos comuns, piora com o tempo e muitas vezes está associada a outras condições de saúde.
Principais causas da dor menstrual intensa²,³
As causas possíveis para a dor menstrual intensa são variadas. A mais conhecida e prevalente é a endometriose, que é quando o tecido semelhante ao endométrio, que normalmente reveste o útero, cresce fora dele (em ovários, tubas, intestino, bexiga, etc.). Isso causa inflamação e dor intensa, não apenas durante a menstruação, mas também durante relações sexuais, ao urinar ou evacuar. Além da endometriose, outras condições como adenomiose, miomas uterinos, doença inflamatória pélvica (DIP) e cistos ovarianos também podem ser a causa de cólicas severas.
Impacto da cólica intensa na saúde mental¹
O impacto na saúde mental de quem sofre com cólicas intensas é significativo. A dor crônica e incapacitante, muitas vezes minimizada pela sociedade, pode levar à ansiedade, depressão, isolamento social e diminuição da qualidade de vida. O sofrimento mensal afeta a produtividade no trabalho ou nos estudos e interfere nos relacionamentos pessoais. Por isso, reconhecer a dimensão dessa dor e buscar ajuda é fundamental.
Tratamentos disponíveis¹,³
As opções de tratamento variam de acordo com a causa da cólica intensa. Para a endometriose, podem incluir medicamentos para controlar a dor e a progressão da doença (como anticoncepcionais hormonais contínuos), e em alguns casos, cirurgia para remover as lesões. Para outras condições, o tratamento é específico para a causa subjacente. Além disso, medidas de suporte como analgésicos mais fortes, fisioterapia pélvica e acompanhamento psicológico podem ser importantes.
Reconhecimento oficial e orientações no Brasil¹
No Brasil, o Ministério da Saúde reconhece a endometriose como um problema de saúde pública e oferece diretrizes específicas para diagnóstico e tratamento da condição no Sistema Único de Saúde (SUS). A Organização Mundial da Saúde (OMS) também classifica a endometriose como uma das principais causas de dor crônica e infertilidade, com impacto significativo na qualidade de vida e produtividade das mulheres. Já a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) alerta que cerca de 10% das brasileiras em idade fértil têm a doença, muitas vezes sem diagnóstico por até uma década.
Referências
1. Ministério da Saúde – Endometriose. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/e/endometriose
2. World Health Organization – Endometriosis fact sheet. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/endometriosis
3. Rosa e Silva JC, Valerio FP, Herren H, Troncon JK, Garcia R, Poli Neto OB. Endometriose – Aspectos clínicos do diagnóstico ao tratamento. Femina. 2021;49(3):134-41