Como a família é impactada pelo diabetes?
O diagnóstico de diabetes transforma a rotina não apenas de quem recebe o resultado, mas de toda a família. Entenda como o apoio familiar pode fortalecer o tratamento, reduzir a sobrecarga emocional e promover uma vida mais saudável e equilibrada para o paciente.
O diabetes não afeta apenas a pessoa diagnosticada, mas toda a família, pois exige mudanças na rotina, alimentação, hábitos e no cuidado diário. Os familiares, muitas vezes, assumem o papel de cuidadores, participam do monitoramento da glicemia, do preparo das refeições e do apoio emocional. Esse envolvimento pode gerar estresse, sobrecarga emocional e financeira, especialmente quando o controle da doença é difícil. Por outro lado, o apoio familiar adequado está associado à melhor adesão ao tratamento e melhor controle glicêmico.
Uma revisão de 62 trabalhos1, publicada no Journal of Endocrinology, Metabolism and Diabetes from South Africa, concluiu que, embora a maioria dessas atividades de autocuidado para pacientes ambulatoriais seja ensinada na atenção primária à saúde, sua prática efetiva ocorre em casa, onde os pacientes permanecem. A dinâmica familiar ou as culturas estabelecidas impactam o manejo da doença, daí a necessidade de que os serviços de atenção primária à saúde capacitem não só o paciente, mas atuem muito perto das famílias sobre como lidar com a doença.
A literatura indica ainda que o apoio familiar pode levar a uma melhor adesão às atividades de autocuidado e a melhores resultados.
Abaixo ações do que os familiares podem ou não seguir, lembrando que cada família tem sua dinâmica e que pode se adaptar de maneiras diferentes e que esses conselhos servem para pessoas com diabetes acima de 15 anos.
| O que fazer | O que não fazer |
| A família deve aprender sobre diabetes. | Vigiar e perguntar "você pode comer isso?" |
| Em vez de cozinhar refeições separadas, a família deve adotar um plano alimentar saudável para todos. | Culpar o paciente por sua glicemia alta e sua doença. |
| Ser um parceiro de atividades físicas, convidar para caminhadas, andar de bicicleta, ir à academia, entre outros. | Impedi-lo de viver uma vida normal por superproteção. |
| Ser um ouvinte e dar suporte emocional. | Abalar a autoestima do paciente, fazendo comentários sobre seu corpo “gordo ou magro”. |
| Todos na casa devem: saber reconhecer os sinais de uma hipoglicemia (sudorese, tremores, confusão); como agir rapidamente; conhecer os sinais de uma hiperglicemia grave; saber quando é necessário procurar ajuda médica. | Minimizar a gravidade ou, por outro lado, criar pânico. |
| Saber como realizar a medição da glicemia corretamente e lembrá-lo de colocar avisos no celular para medição e horários dos remédios. | Realizar a medição por ele, ficar perguntando “quanto deu” e ficar levando o remédio para a pessoa. Esses são autocuidados que o paciente deve desenvolver. |
| Levar e acompanhar nas consultas e exames. | Falar pelo paciente durante a consulta e entrar junto no consultório/sala de exame sem perguntar antes. |
| Incentivar o paciente a trabalhar, estudar, namorar, passear. | Tratá-lo como somente uma doença. |
Referências:
Mphasha, M., Skaal, L., Mothiba, T., Ngoatle, C., & Hlahla, L. (2022). Primary health care–family partnership for better diabetes outcomes of patients: a systematic review. Journal of Endocrinology, Metabolism and Diabetes of South Africa, 28(1), 1–6.




















