Comprimido pode mastigar? E misturar com suco?
Alguns hábitos comuns interferem na eficácia do remédio — veja o que evitar
A forma como tomamos nossos medicamentos pode parecer simples, mas certas práticas comuns, como mastigar um comprimido ou misturá-lo com suco, podem comprometer a sua eficácia e até mesmo causar problemas de saúde. O uso correto é fundamental para garantir que o medicamento faça o efeito esperado, e assim evitar riscos desnecessários ou prejudicar o efeito esperado do medicamento. Por isso, é essencial entender o que se deve e o que não se deve fazer na hora de tomar um comprimido. ¹
Água ainda é a melhor aliada ¹
A forma correta de tomar um medicamento é geralmente especificada na bula ou orientada pelo médico ou farmacêutico. A maioria dos comprimidos e cápsulas deve ser ingerida inteira, com um copo de água — que é o líquido ideal, pois não interage com a substância e ajuda na dissolução e absorção no organismo. Essa orientação vale para a grande maioria dos medicamentos, a menos que a bula indique o contrário, como no caso de comprimidos mastigáveis ou sublinguais.
O que não fazer: mastigar, cortar ou misturar com suco ²
Existem práticas que devem ser evitadas a todo custo. Cortar, triturar ou mastigar comprimidos pode destruir o revestimento especial de alguns medicamentos, feito para proteger o princípio ativo do ácido estomacal ou para liberá-lo lentamente ao longo do tempo. Quando esse revestimento é danificado, o medicamento pode não ser absorvido corretamente, ter seu efeito reduzido ou até mesmo causar irritação.
Misturar medicamentos com bebidas como sucos, leite ou refrigerantes também é um erro comum. Certas interações com alimentos e bebidas podem alterar a absorção do medicamento, potencializando ou diminuindo seu efeito. Por exemplo, o suco de toranja (grapefruit) pode interferir na metabolização de diversos medicamentos, e o leite pode reduzir a absorção de alguns antibióticos. A importância da bula e da orientação profissional ¹
A bula é um guia completo sobre o medicamento, contendo informações essenciais sobre dosagem, forma de uso, interações e efeitos colaterais. Ler atentamente é um primeiro passo. Contudo, em caso de dúvidas, o ideal é sempre buscar a orientação do médico ou do farmacêutico. Esses profissionais podem fornecer informações personalizadas e seguras sobre como administrar corretamente o medicamento, considerando as particularidades de cada paciente e do medicamento. O Ministério da Saúde, por meio da Anvisa, regulamenta rigorosamente a aprovação e o uso de medicamentos, enfatizando a segurança e a eficácia.
Administração incorreta pode levar à falha terapêutica ³
Estudos científicos reforçam que a biodisponibilidade — ou seja, a capacidade do organismo de absorver o princípio ativo — pode variar significativamente quando o medicamento é ingerido de forma inadequada. Uma pesquisa publicada no Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences destacou que a administração incorreta é uma das principais causas de falha terapêutica, especialmente em idosos e crianças.
Priorizar a informação correta e a orientação profissional é a melhor forma de garantir que os medicamentos cumpram seu papel no cuidado com a saúde, de forma segura e eficaz.
Referências
- Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – Ministério da Saúde. Relatório de Gestão 2023. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/centraisdeconteudo/publicacoes/gestao/relatorios-de-gestao/Relatorio_de_Gestao___2023.pdf
- Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS). OPAS/OMS apresenta iniciativa para reduzir erros de medicação. Disponível em: https://www.paho.org/es/node/82598
- Oliveira, L.V. et al. Riscos ocupacionais na fabricação de medicamentos: análise de uma indústria localizada no Nordeste brasileiro. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbso/a/yyNbgprXvCpSY9SH8f9zwKN/