Coqueluche: a doença que volta a crescer
Depois de anos de queda no número de casos, a coqueluche, uma doença respiratória altamente contagiosa, registra um aumento expressivo no Brasil. Entenda o que causa a infecção, seus sintomas e a importância da vacinação.
A coqueluche, ou tosse comprida, é uma infecção respiratória causada pela bactéria Bordetella pertussis 1. Altamente contagiosa, ela se espalha facilmente por meio de gotículas de saliva liberadas pela tosse ou espirro. Após anos de controle, o Brasil e outros países das Américas vêm registrando um aumento alarmante de casos. No Brasil, o número de casos confirmados em 2024 (7.440) foi mais de 10 vezes maior do que o registrado em 2023 (216), segundo dados do Ministério da Saúde 2. Esse ressurgimento preocupa, especialmente por colocar em risco a vida de bebês, para os quais a doença pode ser fatal 1.
Sintomas e fases da doença 1A coqueluche evolui em três fases, o que pode dificultar o diagnóstico inicial:
- Fase catarral (1 a 2 semanas): Os sintomas são leves e se assemelham a um resfriado comum, com febre baixa, coriza, espirros e uma tosse leve, mas que piora progressivamente.
- Fase paroxística (2 a 6 semanas): A tosse se torna grave, com crises súbitas e incontroláveis, que podem durar vários minutos. Esses acessos de tosse podem ser seguidos por um som característico, chamado de "guincho inspiratório", e por vômitos ou cansaço extremo.
- Fase de convalescença (semanas a meses): A tosse e os outros sintomas diminuem gradualmente, mas podem levar semanas ou meses para desaparecerem completamente.
O diagnóstico é feito por meio de exames laboratoriais, como a cultura ou o PCR, e é crucial para o início rápido do tratamento com antibióticos.
A vacinação como principal forma de prevenção 2, 4
A principal razão para o aumento dos casos de coqueluche está diretamente relacionada à baixa cobertura vacinal no país, especialmente após a pandemia. A vacina é a forma mais eficaz de prevenção, e o Calendário Nacional de Vacinação do SUS oferece os seguintes imunizantes:
- Vacina Pentavalente: Para bebês, em três doses (aos 2, 4 e 6 meses), protegendo contra difteria, tétano, coqueluche, Haemophilus influenzae tipo b e hepatite B.
- Vacina DTP (tríplice bacteriana): Dois reforços são aplicados, um aos 15 meses e outro aos 4 anos, para manter a proteção.
- Vacina dTpa (tríplice bacteriana acelular): Recomendada para gestantes a partir da 20ª semana de gravidez, com o objetivo de transferir anticorpos ao bebê antes do nascimento, protegendo-o nos primeiros meses de vida, antes que ele possa receber a primeira dose da vacina.
Manter a caderneta de vacinação atualizada, tanto em crianças quanto em gestantes, é a medida mais importante para combater o avanço da coqueluche e proteger os grupos mais vulneráveis da população.
Referências
1. Agência Fiocruz de Notícias. Coqueluche: aumento de casos preocupa. Disponível em: https://agencia.fiocruz.br/coqueluche-aumento-de-casos-preocupa. Acesso em: 05 set. 2025.
2. Ministério da Saúde (Brasil). Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. Nota Técnica Conjunta nº 1/2024. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/coqueluche/situacao-epidemiologica. Acesso em: 05 set. 2025.
3. Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS). Alerta Epidemiológico: Aumento de casos de coqueluche na Região das Américas. Disponível em: https://www.paho.org/pt/documentos/alerta-epidemiologico-aumento-casos-coqueluche-tosse-convulsa-na-regiao-das-americas-31. Acesso em: 05 set. 2025.
4. Médecins Sans Frontières. Pertussis (whooping cough) [Internet]. Paris: MSF; 2024 Dec [citado 2025 out. 15]. Disponível em: https://medicalguidelines.msf.org/en/viewport/CG/english/whooping-cough-pertussis-16689506.html