A importância do pré-natal na diminuição dos riscos da asfixia perinatal 

A asfixia perinatal é a terceira maior causa de morte neonatal no mundo

Publicado em: 11 de outubro de 2023  e atualizado em: 23 de outubro de 2023
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A asfixia perinatal é a terceira maior causa de morte neonatal no mundo, representando cerca de 23% dos óbitos, além de ser uma das principais causas de lesões cerebrais permanentes em recém-nascidos com idade entre 37 e 42 semanas, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).  
 
Essa síndrome é caracterizada pela interrupção de troca gasosa ou fluxo sanguíneo inadequado próximo ao nascimento, ocasionando uma quantidade insuficiente de oxigênio ao bebê. 
 
Entre as lesões neurológicas que podem surgir como consequência estão a paralisia cerebral, deficiência cognitiva, visual e auditiva.
 
Mesmo que em muitos casos seja uma condição que não pode ser prevista, em diversas situações pode ser evitada, a partir de um acompanhamento pré-natal adequado e de qualidade, além de também poder contar com uma equipe preparada na sala de parto, pronta para agir, caso necessário.  

A asfixia perinatal: entendendo seus riscos e consequências 
 
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), cerca de 10% dos recém-nascidos e 60% dos prematuros precisam de ventilação pulmonar logo após o nascimento.  

Quando isso ocorre, as medidas para conter esse quadro, que pode ser perigoso, precisam ser rápidas. Se ainda na sala de parto é identificado que o bebê está em sofrimento, o pediatra intervém de maneira emergencial. 
 
O Programa de Reanimação Neonatal da SBP recomenda que as intervenções comecem nos primeiros 60 segundos de vida, logo após o bebê sair do útero, o chamado “minuto de ouro”, um instante crucial para salvar o bebê e mudar sua vida para sempre. 
 
O Ministério da Saúde afirma que, no Brasil, a cada hora, 2 bebês, em média, nascem com asfixia perinatal. Mesmo que não chegue a óbito, a condição pode levar ao comprometimento de diversos órgãos, como o cérebro, pulmões, coração, rins, entre outros.  
 
A criança ainda pode ter sequelas neurológicas, pois em certas áreas do sistema nervoso, quando ocorre a falta de oxigênio, as células podem morrer e não se regeneram depois, comprometendo algumas funções da criança, passando dali para frente, a depender do apoio da família.  

O papel do acompanhamento pré-natal na identificação de fatores de risco 
 
Nem sempre é possível prever se o bebê será acometido por uma asfixia perinatal, pois ela pode ocorrer por vários motivos, sejam por questões que acontecem ao longo da gestação ou complicações no parto que levem a falta de oxigenação.  
 
Durante a gestação, por exemplo, condições como diabetes, hipertensão, anemia, uso de álcool e drogas podem ser fatores de risco que levam à asfixia. Já no parto, complicações como ruptura de cordão umbilical, descolamento da placenta, rotura uterina e até mesmo trabalho de parto prolongado podem favorecer o quadro. No caso dos bebês, há ainda causas fetais e neonatais, como prematuridade, pós-maturidade, gemelaridade, entre outras condições.  
 
Uma das melhores formas de prevenir a asfixia perinatal é através do acompanhamento pré-natal, onde é possível detectar fatores de risco e realizar o monitoramento fetal através de exames específicos, aumentando a possibilidade de agir com antecipação aos possíveis problemas que possam surgir.  

Protocolos e preparação para o parto como medida preventiva 
 
Uma estratégia preventiva é também a presença de uma equipe especializada no momento do parto, realizando o acompanhamento ao longo de todo o processo, monitorando de perto o feto, para agir, de maneira rápida na transição do útero para o mundo externo. 
 
Além disso, ao se identificar uma potencial asfixia perinatal, através de fatores de risco analisados anteriormente, é recomendado que o parto seja realizado em uma instituição com estrutura preparada para esse tipo de atendimento. 
 
Estabelecer protocolos claros e eficazes para profissionais de saúde que lidam com o parto é fundamental, para identificar e mitigar os riscos de asfixia durante o processo do nascimento. Isso inclui treinamento adequado em manobras de ressuscitação neonatal e disponibilidade de equipamentos necessários, para responder prontamente a qualquer emergência.  
 
A preparação adequada dos responsáveis também desempenha um papel crucial, uma vez que a educação sobre o processo de parto, sinais de alerta e a importância do acompanhamento médico regular, pode ajudar a prevenir situações de asfixia perinatal.  
 
Ao trabalharmos em conjunto, profissionais de saúde e futuros cuidadores podem aumentar significativamente as chances de um parto seguro e saudável. 

Promovendo a conscientização sobre a asfixia perinatal 
 
Promover a conscientização sobre a asfixia perinatal é uma iniciativa vital para a saúde materno-infantil.  
 
É essencial informar gestantes, parceiros(as), rede de apoio e profissionais de saúde sobre os fatores de risco, os sinais de alerta e as medidas preventivas que precisam ser adotadas. Isso inclui a importância do acompanhamento pré-natal adequado, a preparação para o parto, o treinamento em ressuscitação neonatal e a disponibilidade de equipamentos essenciais nas unidades de saúde. 
 
O Sistema Único de Saúde (SUS) desempenha um papel importante na melhoria da atenção perinatal no Brasil, em que adota uma série de estratégias para qualificar os cuidados obstétricos e neonatais, visando a promoção da saúde das gestantes e dos recém-nascidos. Isso inclui o acesso universal e gratuito aos serviços de pré-natal, parto e pós-parto de qualidade, garantindo que todas as gestantes recebam o acompanhamento necessário ao longo de sua gravidez. 
 
Ao educar a comunidade e os profissionais de saúde, podemos tomar medidas proativas para garantir que cada recém-nascido tenha as melhores chances de um começo saudável da vida. 
 
Referências: MINISTÉRIO DA SAÚDE. Asfixia perinatal é a terceira causa de morte neonatal no mundo. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/dezembro/asfixia-perinatal-e-a-terceira-causa-de-morte-neonatal-no-mundo. ; REVISTA CRESCER. Asfixia perinatal: o que acontece quando "falta oxigênio" no parto, no nascimento ou nos primeiros minutos de vida do bebê Disponível em:  https://revistacrescer.globo.com/gravidez/parto/noticia/2023/01/asfixia-perinatal-o-que-acontece-quando-falta-oxigenio-no-parto-no-nascimento-ou-nos-primeiros-minutos-de-vida-do-bebe.ghtml.    
EUROFARMA. Setembro Verde Esperança: asfixia perinatal. Disponível em: https://eurofarma.com.br/artigos/setembro-verde-esperanca-asfixia-perinatal-e-a-terceira-causa-de-morte-de-recem-nascidos.   
BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE. Importância do pré-natal. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/importancia-do-pre-natal/.   
MINHA VIDA. O que é Asfixia Perinatal?. Disponível em: https://www.minhavida.com.br/saude/temas/asfixia-perinatal.      
REVISTA PEDIÁTRICA. Hipóxia Intrauterina e Asfixia ao nascer em uma cidade do Sul do Brasil. Disponível em: https://residenciapediatrica.com.br/detalhes/1181/hipoxia%20intrauterina%20e%20asfixia%20ao%20nascer%20em%20uma%20cidade%20do%20sul%20do%20brasil.   
 

Este material tem caráter meramente informativo. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte sempre seu médico.
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