A intolerância à lactose é a ausência ou a deficiência da enzima lactase, presente no intestino das pessoas, que degrada a lactose, que é um açúcar contido no leite e nos produtos que contêm leite¹,². Quando isso acontece, a presença desse açúcar dentro do intestino ocasiona aumento da formação de gases, ruídos aumentados no abdome, flatulência, distensão abdominal, dor abdominal, náusea e diarreia. Cada pessoa tem uma quantidade diferente de lactase¹,². De acordo com a quantidade que o indivíduo tiver de lactase, ela vai metabolizar melhor ou pior o leite ou derivados ingeridos¹,².
Os produtos ricos em lactose são aqueles que contêm mais leite, como creme de leite, sorvetes, queijos e o próprio leite ‘in natura’ e todos os seus derivados3,4. O consumo de leite é importante, pois é o alimento que contém mais cálcio e com melhor disponibilidade, ou seja, é melhor aproveitado por nosso organismo quando vem do leite3,4. Quem não consome leite e seus derivados em quantidade adequadas, muitas vezes precisam suplementar cálcio e vitamina D3,4.
Recomenda-se que 60% das necessidades de cálcio sejam supridas por produtos lácteos3,4. A boa biodisponibilidade do cálcio nos produtos lácteos é largamente conhecida e parece estar relacionada diretamente com a presença de lactose e da vitamina D, que aumentam sua absorção³.
A intolerância à lactose é diferente de alergia alimentar (ou alergia à proteína do leite de vaca), que é uma reação à proteína do leite e acontece mais em crianças nos primeiros anos de vida¹,²,5. A intolerância à lactose é mais frequente em crianças maiores, adolescentes e principalmente adultos¹,².
Os exames complementares para confirmação diagnóstica de intolerância à lactose são: pH fecal, pesquisa de substâncias redutoras nas fezes, teste de absorção da lactose com sobrecarga oral, teste do H2 expirado e a dosagem da lactase em fragmento de mucosa intestinal5. Existe também o exame genético do fenótipo da enzima, que diz se a pessoa é geneticamente determinada a ter intolerância à lactose, mas não diz que a intolerância está presente naquele momento¹,².
O alívio do desconforto consiste na restrição da lactose da dieta, mas cada pessoa terá graus diferentes de restrição, dependendo de quanta enzima e do grau tolerância ao leite¹,². Pode-se também substituir a lactase insuficiente por formas comerciais, ou seja, tomando lactase antes das refeições com leite e/ou derivados, nesse caso, a pessoa não terá os sintomas ruins da doença, mesmo ingerindo leite e seus derivados, melhorando e muito a qualidade de vida dos pacientes1,4.
Fontes: 1. Carvalho E, Ferreira CT. Alergia alimentar. In: Silva LR, Ferreira CT, Carvalho E. Manual de Residência em Gastroenterologia Pediátrica. Último acesso no dia 17 de dezembro de 2019. 2. KodaYKL. Intolerância aos carboidratos. In: Carvalho E, Silva LR, Ferreira CT. Gastroenterologia e Nutrição em Pediatria. Último acesso no dia 17 de dezembro de 2019. 3. WelfortVRS. Manual de Alimentação: orientações para alimentação do lactente ao adolescente, na escola, na gestante, na prevenção de doenças e segurança alimentar. Último acesso no dia 17 de dezembro de 2019 4. Como otimizar a ingestão de cálcio e o ganho de massa óssea em adolescentes. Guia prático de atualização. São Paulo: SBP; 2017. Último acesso no dia 17 de dezembro de 2019. 5. Intolerância à lactose: mudança de paradigmas com a biologia molecular - Scielo.Último acesso no dia 21 de janeiro de 2020.