Mulheres na ciência
Conheça os nomes que revolucionaram a história e inspiram até hoje
Nem sempre elas ganharam os holofotes, mesmo no papel de protagonistas. Por muitos anos, mulheres que realizaram descobertas científicas e inovações importantes para a sociedade ficavam nos bastidores da história. Por isso, datas como o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência (11 de fevereiro) ganham ainda mais relevância.
Na ciência e na área da saúde, por exemplo, houve muitas mulheres que revolucionaram conceitos, descobriram e promoveram tratamentos eficazes, mobilizaram causas e ganharam prêmios. Aliás, a primeira pessoa a ganhar um Prêmio Nobel por duas vezes foi uma mulher!
Contudo, elas precisaram batalhar muito para conquistar esse espaço. E, aos poucos, mais mulheres têm garantido seu lugar na área. Na Medicina, por exemplo, o número de mulheres dobrou nos últimos 20 anos e, em 2030, deve superar a quantidade de homens na profissão. Os dados da Demografia Médica 2020 apontam que as mulheres representam 46,6% da classe. Em 2015, elas eram 42,5% e, há 30 anos, em 1990, as mulheres compunham apenas 30,8% da categoria médica.
Outro dado interessante: há mais de dez anos, o número anual de registros de mulheres nos Conselhos Regionais de Medicina tem ultrapassado o de homens. Em 2000, 4.572 homens registraram-se nos conselhos, contra 3.594 mulheres, 56% e 44%, respectivamente. Já em 2009, ano que a proporção começou a inverter, 50,4% dos registros eram de mulheres, contra 49,6% de homens. Em 10 anos, a diferença aumentou e, em 2019, dos 21.941 novos registros, 57,5% eram mulheres e 42,5%, homens.
Em qualquer tempo, essas mulheres fizeram e continuam fazendo a diferença, seja na ciência, medicina, enfermagem, psicologia, na sociedade e em todo lugar. E para celebrar, trouxemos 10 nomes que, com certeza, vão te inspirar!
Rita Lobato Velho Lopes
PRIMEIRA MULHER A SE FORMAR EM MEDICINA POR UMA UNIVERSIDADE BRASILEIRA
Nascida no Rio Grande do Sul em 1866, Rita se formou em medicina aos 21 anos pela Universidade Federal da Bahia, e foi a primeira mulher a se formar em medicina por uma universidade brasileira e a segunda em toda a América do Sul.
Após perder sua mãe no parto de seu irmão mais novo, Rita decidiu que lutaria para que nenhuma mulher morresse mais naquela situação, que era comum na época. Então, escolheu atuar em Ginecologia e Obstetrícia, prestou serviços gratuitos na área e forneceu até medicamentos gratuitamente.
Ela dedicou sua vida a cuidar de outras mulheres e, quando se aposentou, ainda fez história apoiando o movimento feminista e se tornando a primeira vereadora mulher de sua cidade, Rio Pardo.
Marie Curie
PRIMEIRA MULHER A GANHAR O PRÊMIO NOBEL E A PRIMEIRA PESSOA A GANHÁ-LO POR DUAS VEZES
Ainda numa época dominada por homens, Marie revolucionou a ciência com a descoberta da radioatividade e de dois novos elementos químicos. Não é à toa que ela foi a primeira mulher a receber o Prêmio Nobel e, ainda, repetiu o feito, tornando-se também a primeira pessoa a ganhar o prêmio por duas vezes.
Nascida na Polônia em 1867, Marie sempre se destacou nos estudos, mas teve que mudar para Paris, aos 24 anos, para continuar estudando, devido a opressão existente em seu país na época. Na França, ela estudou física e química.
Pioneira nas pesquisas de radioatividade, foi Marie quem descobriu os dois elementos químicos rádio e polônio. Ela também foi responsável pela implementação da radiografia durante a Primeira Guerra Mundial, ajudando a tratar milhões de soldados. As contribuições de Marie tiveram efeito no tratamento de câncer em hospitais do mundo todo.
Em 1903, recebeu o Prêmio Nobel de Física pelas pesquisas em radiação, ao lado do marido Pierre Curie e do físico Henri Becquerel, sendo a primeira mulher a receber a honraria. E, em 1911, recebeu seu segundo prêmio, desta vez o Nobel em Química, por suas pesquisas com rádio.
Florence Nightingale
FUNDADORA DA PRIMEIRA ESCOLA DE ENFERMAGEM
A primeira escola de Enfermagem do mundo foi fundada por uma mulher! Florence, primeira enfermeira profissional, enfrentou várias batalhas para conseguir conquistas importantes na área da saúde. Ela lutou para ter permissão de estudar matemática e, em seguida, estatísticas hospitalares. Depois, a italiana radicada na Inglaterra dedicou sua vida a cuidar de pobres doentes.
Após trabalhar em um internato, Florence foi convidada a assumir a chefia do Corpo de Enfermagem do exército britânico. Ela descobriu que doenças como a cólera e o tifo estavam matando mais soldado do que a guerra e provou, ainda, que a higienização hospitalar reduzia em 70% o número de mortes por infecção.
Em 1860, fundou a Escola de Treinamento Nightingale para enfermeiras no hospital St. Thomas em Londres, a primeira do mundo. Em 1883, a enfermeira recebeu a Cruz Vermelha Real da rainha Vitória e, quase 20 anos depois, foi a primeira mulher a receber a Ordem do Mérito.
Mamie Phipps Clark
CONTRIBUIU PARA O FIM DA SEGREGAÇÃO RACIAL NAS ESCOLAS DOS EUA
Uma das mulheres responsáveis por mudar a saúde no mundo é Mamie, a primeira mulher negra a obter doutorado em Psicologia na Universidade de Columbia, em plena era de segregação racial nos Estados Unidos.
Este não foi o único feito revolucionário de Mamie. A pesquisadora também teve contribuição importante para o fim da segregação racial nas escolas públicas dos EUA. Em sua tese, ela provou que a segregação e o preconceito desde a infância podem desenvolver problemas psicológicos em crianças negras, como senso de inferioridade e autodepreciação.
Mamie também abriu, em 1946, uma das primeiras agências a fornecer serviços psicológicos abrangentes para os pobres, negros e outras crianças minoritárias.
Patricia Bath
CRIADORA DO TRATAMENTO MAIS PRECISO DE CATARATA
Outra mulher a representar e defender o direito à saúde para uma população mais vulnerável foi a médica oftalmologista Patricia Bath. Como mulher negra, ela também tinha preocupação com as consequências deixadas pela segregação racial nos EUA e, como fruto de suas pesquisas, detectou que os negros tinham duas vezes mais chances de ter cegueira e oito vezes mais cegueira causada por glaucoma do que os brancos. Ela provou que os negros e os pobres eram mais atingidos por esses problemas de visão por falta de diagnósticos e tratamentos corretos.
Ajudou a fundar o Instituto Americano para a Prevenção contra a Cegueira, uma organização sem fins lucrativos que acredita que "a visão é um direito básico humano".
Criou também uma nova disciplina: oftalmologia comunitária, que pretende evitar a cegueira por meio da educação e ações de saúde pública. Outra grande conquista da médica foi a cirurgia de catarata a laser.
Pioneira em diversas ações, inspirando outras profissionais, Patricia foi a primeira mulher negra a conseguir registrar uma patente médica e a primeira cirurgiã negra da Universidade da Califórnia.
Zilda Arns Neumann
CONSCIENTIZADORA DE VACINA E SORO CASEIRO
Em tempos de pandemia, é sempre bom lembrar a importância de Zilda, a médica que incentivou a vacinação contra a poliomielite durante epidemia da doença nos anos 80. Ela ainda foi responsável por campanhas de conscientização sobre os benefícios do soro caseiro, evitando a morte de milhões de crianças por diarreia e desidratação – fator que contribuiu para reduzir a taxa de mortalidade infantil.
A médica também foi fundadora da Pastoral da Criança, orientando mães sobre higiene, saúde e aleitamento materno.
Françoise Barré-Sinoussi
DESCOBRIU O VÍRUS HIV
Um nome de peso na ciência e na saúde é da virologista francesa Françoise Barré-Sinoussi. Foi ela quem descobriu o vírus HIV e trabalha até hoje para que os países mais afetados pela AIDS consigam melhores condições de prevenção e tratamento da doença.
A pesquisadora realizava trabalhos voluntários com retrovírus em laboratórios do Instituto Pauster, em Paris, e sua descoberta do vírus HIV rendeu um Prêmio Nobel.
Sua atuação na ciência segue relevante até hoje, aos 74 anos. A pesquisadora assinou mais de 240 publicações científicas, realizou conferências pelo mundo todo e presta consultorias para a Organização Mundial da Saúde e ao Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/AIDS.
Adriana de Oliveira Melo
ZIKA VÍRUS E MICROCEFALIA
Como especialista em saúde materno infantil, a brasileira Adriana descobriu a relação existente entre o Zika Vírus e a Microcefalia ao atender gestantes em situação de alto risco no sertão paraibano, percebendo o alto número de casos de microcefalia em bebês em que a mãe havia sido infectada por Zika Vírus durante a gravidez. A suspeita se confirmou quando ela detectou a presença do vírus no líquido amniótico.
Após a descoberta, Adriana se tornou presidente do Instituto de Pesquisa Professor Joaquim Amorim Neto (IPESQ), entidade filantrópica que estuda a relação da microcefalia com o Zika em longo prazo.
Referências: 1. CFM. Em 20 anos, dobra o número de mulheres que exercem medicina no Brasil. Último acesso em 31 de janeiro de 2022. 2. Faculdade Ide. 7 mulheres incríveis que mudaram a saúde no mundo. Último acesso em 31 de janeiro de 2022. 3. Pebmed. Conheça 7 mulheres que fizeram história na Medicina e Enfermagem. Último acesso em 31 de janeiro de 2022.