Os perigos dos cigarros eletrônicos

As pessoas que usam o dispositivo inalam dezenas de substâncias prejudiciais à saúde, inclusive cancerígenas 

Publicado em: 16 de maio de 2023  e atualizado em: 16 de maio de 2023
  • Para compartilhar
Ouvir o texto Parar o Audio

Os chamados cigarros eletrônicos ou e-cigarros, popularmente conhecidos como “vapes”, são dispositivos acionados por uma bateria que aquece um líquido (ou essência) que é inalado. Geralmente, essa solução contém nicotina, propilenoglicol, glicerina vegetal e aromatizantes, entre outras substâncias (1). 
 
Longe de serem dispositivos seguros, os “vapes” expõem o fumante a uma variedade de produtos químicos que podem fazer mal à saúde. Para começar, o próprio cigarro eletrônico pode soltar nanopartículas de metal, que são prejudiciais ao organismo. Além disso, existe o próprio processo de aquecimento do líquido, que faz com que a pessoa seja exposta a alguns produtos contidos no vapor - carcinógenos conhecidos e substâncias citotóxicas, potencialmente causadoras de doenças pulmonares e cardiovasculares. Algumas das substâncias tóxicas dentro do vapor do cigarro eletrônico possuem níveis mais altos do que os cigarros comuns (1).

Os líquidos vaporizados, normalmente, possuem sabores. Esses flavorizantes, como morango, manga, baunilha e menta, são liberados para consumo oral, mas não para a inalação, pois podem provocar danos ao sistema respiratório. Essas essências possuem, no mínimo, sessenta compostos químicos, e quando somados ao vapor do cigarro eletrônico, adicionam ainda mais quarenta (1,3).

O que eles causam? 

As doenças mais comuns relacionadas ao cigarro eletrônico são a inflamação dos pulmões (pneumonite), que incluem diversos padrões, como a pneumonia eosinofílica aguda, pneumonia em organização (BOOP), pneumonia lipoídica, dano alveolar difuso, síndrome de angústia respiratória aguda (SARA), hemorragia alveolar difusa, pneumonite de hipersensibilidade e pneumonite intersticial de células gigantes. (6)

Existe, inclusive, uma doença pulmonar que acomete quem faz utilização desse tipo de cigarro, conhecida como evali (3)- – da sigla em inglês para e-cigarette or vaping product useassociated lung injury. Dos pacientes pesquisados, segundo o CDC (Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos), 95% deles apresentaram sintomas respiratórios, tais como tosse, dor no peito e falta de ar, e 77% apresentaram sintomas gastrintestinais, como dor abdominal, náusea, vômito e diarreia. Para 85% dos pacientes, os sintomas respiratórios ou gastrintestinais foram acompanhados por febre, calafrios e perda de peso. Ainda, em 95% dos casos houve necessidade de internação hospitalar por insuficiência respiratória (4). 

Como estes produtos são relativamente recentes, ainda não houve tempo para estudos dos efeitos em médio e longo prazo. O que se sabe é que, em curto prazo, o uso dos e-cigarros tem provocado lesões pulmonares graves. Seu uso leva à dependência da nicotina e produz a inalação de diversas substâncias tóxicas presentes no tabaco, que são aquecidas no líquido, ou essência. Isso pode causar, a longo prazo, uma série de doenças graves e fatais, como vários tipos de câncer, doenças pulmonares (asma, DPOC) e complicações cardiovasculares (5,1). 

  
Fontes:  Cigarros Eletrônicos – O que já sabemos? O que precisamos conhecer?, Associação Médica Brasileira e Fundação do Câncer. Último acesso em 12 de julho de 2022; Estudo do INCA alerta sobre risco de cigarros eletrônicos, Instituto Nacional de Câncer (INCA). Último acesso em 12 de julho de 2022; Vaping and E-Cigarettes Within the Evolving Tobacco Quitline Landscape, American Journal for Preventive Medicine. Último acesso em 12 de julho de 2022; Association of E-cigarette Use With Respiratory Disease Among Adults: A Longitudinal Analysis, National Library of Medicine. Último acesso em 12 de julho de 2022; Association Between Electronic Cigarette Use and Myocardial Infarction, National Library of Medicine. Último acesso em 12 de julho de 2022; Associação Médica Brasileira, Aliança de Controle do Tabagismo e Promoção da Saúde Fundação do Câncer. Último acesso em 12 de julho de 2022 

Este material tem caráter meramente informativo. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte sempre seu médico.
  • Para compartilhar
Você achou esse conteúdo útil?