Síndrome de Ménière
É um distúrbio que ocorre no ouvido interno que é caracterizado por vertigem, perda auditiva, pressão, inchaço acompanhado de zumbido.  
Publicado em: 9 de novembro de 2018  e atualizado em: 4 de novembro de 2021
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A Síndrome de Ménière (ou Doença de Ménière) é um distúrbio que ocorre no ouvido interno que é caracterizado por vertigem, perda auditiva, pressão, inchaço acompanhado de tinnitus (zumbido na cabeça que não está relacionado a nenhum problema psíquico)1. Os ataques normalmente ocorrem de maneira repentina e podem durar desde minutos até horas2, muitas vezes ela pode passar despercebida em sua fase inicial por conta da possibilidade de ocorrer isoladamente em alguns casos3. Os sintomas e a severidade podem ser diferentes em cada crise e em cada pessoa2. Nem todos os sintomas estão presentes nas crises e algumas pessoas têm um número maior de recaídas2. A doença afeta normalmente pessoas entre 40 e 50 anos, mas pode também aparecer ainda na infância ou após os 60 anos1.  

Causas 

A doença está relacionada com o excesso de líquido no ouvido interno1. Quando o sistema linfático está dilatado, ele pode afetar a drenagem da endolinfa (líquido que envolve a audição e a estrutura do equilíbrio), o que causa a Doença de Ménière1. No entanto, existem alguns agentes causadores3

  • Alergia: a alergia responde por cerca de 14% dos casos da Doença de Ménière. Isso acontece em pacientes cujos sintomas são precipitados por irritantes inalatórios ou alimentares, além de outros manifestantes como asma, rinite ou polipose nasal. Ainda não se conhecem os mecanismos alérgicos que podem produzir a doença, mas alguns estudos apontam que eles têm ligações com as células imunocompententes (produzidas pela medula óssea) do ouvido interno, que estão localizadas na área interóssea do saco endolinfático (fluido contido no labirinto membranoso da orelha interna), que possuem vasos fenestrados (caracterizados pela presença de grandes orifícios nas paredes das células). Isso pode comprometer a capacidade de reabsorção dos mediadores alérgicos;
  • Causas genéticas: má-formação ou alterações no desenvolvimento do ducto do saco endolinfático (fluido contido no labirinto membranoso da orelha interna) que são genéticas podem ocasionar a Doença de Ménière;
  • Otite média crônica: as toxinas produzidas pela infecção podem atingir o espaço endolinfático (onde está localizado o saco endolinfático, fluido contido no labirinto membranoso da orelha interna);
  • Otosclerose: o comprometimento do aqueduto vestibular (anomalia mais comum da orelha interna) causado pela Otosclerose pode ocasionar a disfunção da reabsorção endolinfática (fluido contido no labirinto membranoso da orelha interna);
  • Distúrbio do metabolismo dos carboidratos: tanto a hipoglicemia como a hiperglicemia podem comprometer o funcionamento do ouvido interno;
  • Trauma: o trauma físico do labirinto membranoso pode resultar no descolamento dos órgãos sensoriais do ouvido interno; 
    Auto-imunidade: uma das associações entre Ménière e a auto-imunidade é o de deposição de complexos auto-imunes no saco endolinfático, o que pode causar uma reação inflamatória no local.

Sintomas                                               

  • Vertigem (tontura rotatória);
  • Perda auditiva;
  • Zumbido;
  • Pressão no ouvido. 

Diagnóstico 

  • Dois ou mais episódios vertiginosos com duração mínima de 20 minutos;
  • Perda auditiva documentada audiometricamente, pelo menos numa ocasião;
  • Sensação de plenitude aural no ouvido. 

Após o diagnóstico, é feito o tratamento da crise da doença (com o estudo audiovestibular e avaliações)4. Existem exames complementares (laboratoriais e de imagem) que servem para a confirmação diagnóstica e para a orientação do tratamento correto em cada caso4. Além disso, normalmente são solicitados exames específicos4. 

Prevenção 

A prevenção ainda não é certa, pois não existe uma causa totalmente definida da doença5. No entanto, alguns profissionais acreditam que a retenção excessiva de fluidos ocasione a dilatação do espaço endolinfático e consequente ruptura das estruturas membranosas do labirinto5. Porém, estudos recentes demonstram que nem sempre a dilatação do espaço endolinfático está associada à doença; e hoje existem teorias que associam a doença à diversas alterações fisiológicas. 

Tratamento 

Não existe cura para a doença, mas sim alguns tratamentos e mudanças no estilo de vida que podem ajudar a amenizar os sintomas2. Alguns esforços para reduzir o acúmulo do líquido dentro da orelha podem ajudar no controle dos sintomas, como remédios diuréticos e uma dieta pobre em sódio2. Além disso, uma dieta balanceada, a prática de exercícios, sono regular, práticas para reduzir o estresse e a diminuição de cafeína e álcool podem colaborar para o controle dos sintomas2. Existem também tratamentos contra a vertigem, ou até mesmo o processo cirúrgico que corta o nervo vestibular2. De toda forma, o melhor tratamento para cada caso será analisado pelo médico responsável, que indicará qual o melhor procedimento a ser seguido.   

 

 

 

Fontes: 1. Hear-It – Síndrome de Menière.  2. Associação Americana de Fisioterapia, Seção Neurologia. MORRIS, Laura O. Doença de Ménière. 3. LAVINSKY, Luiz; D´AVILA, Cíntia; CAMPANI, Rafael M.; LAVINSKY, Michelle. Síndrome de Ménière: diagnóstico etiológico1999. 4. CRAVEIRO, António Manuel e Vasconcelos. Revisão da Doença de Ménière2014. 5. MIYAKE, Mônica Aidar Menon; MIYAKE, Marcel Menon; SANTANA, Graziela Gaspar de; OLSEN, Julia Maria. Como diagnosticar e tratar: Vestibulopatias

 

Este material tem caráter meramente informativo. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte sempre seu médico.
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