Hepatite Autoimune
A prevalência da Hepatite Autoimune é de 10 a 17 casos para cada 100.000 habitantes
A hepatite autoimune é uma doença rara que acomete principalmente mulheres jovens por volta dos 30 anos. Mesmo em outras faixas etárias e sexo, quando não tratada, pode evoluir para cirrose com mau funcionamento do fígado e necessidade de transplante hepático. A prevalência da Hepatite Autoimune (HAI) se situa em cerca de 10 a 17 casos para cada 100.000 habitantes (1).
Segundo o Ministério de Saúde, cerca de 30% dos pacientes apresentam um quadro agudo, com icterícia intensa, e a mortalidade chega aos 40% nos primeiros seis meses, nos portadores de doença que não recebem terapia imunossupressora (1).
O que é?
A doença é causada por um distúrbio do sistema imunológico, que reconhece as células do fígado (principalmente hepatócitos) como estranhas e desencadeia uma inflamação crônica e destruição progressiva delas2.
Sintomas
As principais queixas dos pacientes são mal-estar, fraqueza e perda significativa de energia. Estas queixas são acompanhadas por alterações no exame físico e nos exames de sangue, indicativos de uma condição hepática crônica, incluindo a possibilidade de cirrose (2).
Em sua forma aguda, se assemelha a uma infecção hepática viral. Os sintomas típicos da forma grave da doença incluem icterícia, desconforto geral, dores abdominais, náuseas e vômitos (2).
As apresentações assintomáticas da doença são menos comuns. Além disso, a hepatite autoimune pode evoluir para uma insuficiência hepática aguda grave, caracterizada pela queda abrupta da função do fígado, exigindo, em alguns casos, um transplante hepático de emergência2.
Doenças relacionadas
Existem outras doenças que se associam a hepatite autoimune, principalmente a tireoidite e artrite reumatoide, além de outras doenças do fígado, como colangite biliar primária e colangite esclerosante primária (2).
Diagnóstico
Por meio de exames, a doença se caracteriza pelo aumento das enzimas hepáticas, em particular AST e ALT, assim como pelo aumento dos níveis de gamaglobulina e pela detecção de autoanticorpos no sangue (1,2).
É importante destacar que esses achados laboratoriais podem ser observados em outras condições médicas. Portanto, para estabelecer o diagnóstico preciso da hepatite autoimune, é fundamental a concordância entre os achados clínicos, os resultados laboratoriais e as conclusões da biópsia hepática (1,2).
Para confirmar o diagnóstico, é necessário realizar uma biópsia hepática, que oferecerá informações detalhadas e decisivas sobre a condição do fígado (2).
Mulheres podem engravidar?
Pacientes que apresentam essa condição podem engravidar, porém é essencial manter a doença sob controle e ter um monitoramento rigoroso durante a gestação, bem como após o parto (1).
A hepatite autoimune tende a entrar em um período de inatividade durante a gravidez, mas pode se agravar no pós-parto. Portanto, é importante que a paciente discuta com seu médico as considerações de risco e benefício, associadas ao uso de imunossupressores durante a gestação e o período de amamentação (2).
Tratamento
O tratamento envolve medicamentos imunossupressores que atuam na modulação da atividade do sistema imunológico. Esse tratamento não apenas alivia os sintomas, mas também tem o potencial de minimizar a inflamação no fígado (1).
É importante ressaltar que esses medicamentos costumam estar disponíveis de forma gratuita através do Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, é crucial lembrar que a abordagem para pacientes que não respondem adequadamente ao tratamento, deve ser personalizada e adaptada às necessidades individuais de cada um (1).
Referências: 1. Protocolo Clínico e Diretrizes: Hepatite Autoimune Nº 343/2108. Relatório de recomendação. Conitec. Ministério da Saúde. Último acesso: 13 de setembro de 2023; 2. Cartilha sobre hepatite autoimune. Sociedade Brasileira de Hepatologia. IBRAFIG. Último acesso: 13 de setembro de 2023.