Conheça a endometriose
Uma doença ginecológica definida pela presença de células do endométrio, camada interna do útero
A endometriose é uma doença ginecológica definida pela presença de células do endométrio, camada interna do útero, fora deste órgão¹. É diagnosticada quase que exclusivamente em mulheres em idade reprodutiva. Mulheres na pós-menopausa representam somente 2% - 4% de todos os casos submetidos à laparoscopia por suspeita de endometriose¹.
Como não há correlação entre os sintomas e grau da doença, e como para confirmação diagnóstica, é necessária a realização de procedimento invasivo – laparoscopia a prevalência desta doença é subestimada. Estima-se uma taxa de ocorrência da doença na população feminina em geral está em torno de 10%. Em mulheres inférteis, estes valores podem chegar a índices altos (30% - 60%)¹. Presupõe-se que o número de mulheres com endometriose seja de sete milhões nos EUA e de mais de 70 milhões no mundo2. Em países industrializados, é uma das principais causas de hospitalização ginecológica². As localizações mais comuns envolvidas na doença são ovários, fundo de saco posterior e anterior, folheto posterior do ligamento largo, ligamentos uterossacros, útero, tubas uterinas, cólon sigmoide, apêndice e ligamentos redondos¹.
A causa da endometriose ainda não foi totalmente elucidada. Há teorias que relacionam o fluxo da menstruação em direção as trompas, e daí para a cavidade endometrial, deixando focos de endométrio fora do útero³. Junto a isso, uma susceptibilidade especifica da mulher, vinda de alterações genéticas que predispõem a doença³. E ainda alterações no sistema imunológico que causam exacerbação de reação inflamatória ao redor desse tecido, resultando em aderências, fibroses e o quadro clínico centrado na dor³. Por fim, há a teoria de que algumas mulheres já nasceram com células que deveriam pertencer ao endométrio, fora dele, processo que ocorreu durante a formação do embrião³.
Várias características individuais (história familiar de endometriose, menarca precoce e exposição à circulação de hormônios esteroides, índice de massa corporal durante a infância tardia e início da adolescência), características do estilo de vida e fatores ambientais estão provavelmente relacionados com o desenvolvimento da endometriose4. Uma história familiar positiva pode ser associada à endometriose, mas não está claro se esta associação pode ser explicada por mecanismos genéticos, elementos ambientais ou apenas uma maior consciência global4.
O principal sintoma é a dor pélvica, associada ou não ao período menstrual³. Pode haver dor no ato sexual, ou até dor à evacuação ou a micção, em especial se houver as regiões do intestino ou da bexiga afetadas³. Porém, é frequente a ausência de sintomas clínicos, sendo a única manifestação a dificuldade de engravidar, ou mesmo achados em exames de imagem, pedidos por qualquer outro motivo³. O tratamento pode envolver medicamentos orais ou injeções, cirurgia, e também fisioterapia e outras terapias que possam contribuir para o alívio dos sintomas³. Toda a mulher com sintomas de dor pélvica, cólicas intensas no período menstrual ou dor durante e após a relação sexual deve procurar um ginecologista para diagnóstico e tratamento adequado.
Fontes: 1. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas – Endometriose – Ministério da Saúde. Último acesso 12 de fevereiro de 2020; 2. Revista da Associação Médica Brasileira. Aspectos epidemiológicos e clínicos da endometriose pélvica – uma série de casos. BELLELIS, Patrick; DIAS JE, João Antônio; PODGAEC, Sérgio; GONZALES, Midgley; BARACAT EDMUND, Chada; ABRÃO, Maurício Simões. Último acesso 12 de fevereiro de 2020; 3. Endometriose – Protocolos Febrasgo. Último acesso 17 de fevereiro de 2020.; 4. Endometriose diagnóstico e tratamento clínico – Universidade Federal do Ceará. Último acesso 12 de fevereiro de 2020.