Endometriose e adenomiose: qual a diferença entre estas doenças?
Ambas são condições relacionadas ao crescimento anormal do tecido endometrial, mas com características distintas
Doenças que afetam o sistema reprodutor feminino, como a endometriose e a adenomiose, podem representar desafios à saúde das mulheres em idade fértil. A endometriose é caracterizada pelo crescimento anormal do tecido endometrial em órgãos externos à cavidade uterina, como ovários, bexiga e intestino (1).
Enquanto isso, a adenomiose envolve a invasão do tecido endometrial na camada intermediária do útero, conhecida como miométrio (2). Essas condições, embora apresentem semelhanças, têm impactos distintos na saúde feminina.
Causas e sintomas
A adenomiose (2) pode passar despercebida em cerca de um terço das mulheres afetadas. No entanto, quando os sintomas se manifestam, eles incluem:
- Cólicas menstruais intensas
- Aumento do fluxo menstrual, que pode levar à anemia em casos graves
- Dificuldade para engravidar, indicando a presença da doença
Além disso, outros sintomas podem surgir, como:
- Dor pélvica durante o período menstrual (dismenorreia)
- Dor durante a relação sexual (dispareunia)
- Dor durante o exame ginecológico
- Dor pélvica crônica
Apesar dos sintomas, aproximadamente um terço das pessoas com adenomiose não apresenta sinais evidentes da doença.
Já a endometriose (1), por outro lado, apresenta uma série de sintomas característicos, incluindo:
- Cólicas menstruais intensas que podem ser debilitantes
- Dor durante as relações sexuais
- Dor e sangramento ao urinar e evacuar, especialmente durante o período menstrual
- Fadiga
- Diarreia
- Dificuldade de engravidar, afetando cerca de 40% das mulheres com a doença
Esses sintomas podem impactar significativamente a qualidade de vida das mulheres afetadas pela endometriose.
Diferenças entre a adenomiose e a endometriose
Na adenomiose, o endométrio, que é a camada interna do útero, começa a crescer na espessura da parede uterina. Esse crescimento intramural pode levar a uma série de sintomas, incluindo cólicas menstruais intensas, aumento do fluxo menstrual e, em casos mais graves, até mesmo dificuldade para engravidar (2).
Por outro lado, na endometriose, o tecido endometrial cresce para fora da cavidade uterina e se fixa em órgãos como os ovários, trompas de falópio e, em alguns casos, outros órgãos abdominais, como o intestino. Essa condição pode causar uma série de sinais, incluindo dor intensa durante o período menstrual, dor durante a relação sexual, dor ao urinar ou evacuar, fadiga e até mesmo dificuldade de engravidar (1).
A diferença entre elas está na localização desse crescimento, o que leva a sintomas e desafios específicos para cada uma. O diagnóstico e o tratamento adequados são essenciais para ajudar as mulheres a gerenciarem essas condições e melhorar sua qualidade de vida.
Tratamento
A endometriose é uma condição crônica que geralmente diminui naturalmente com a chegada da menopausa, devido à redução na produção de hormônios femininos e ao fim da menstruação. No entanto, mulheres mais jovens que sofrem com essa condição podem recorrer a medicamentos que suprimem a menstruação. Em casos mais graves, especialmente quando as lesões são extensas, a cirurgia para a remoção das áreas afetadas pode ser necessária. Em situações em que a mulher já teve os filhos que desejava, a remoção dos ovários e do útero pode ser considerada como uma alternativa de tratamento (1).
No caso da adenomiose, o tratamento também pode envolver tanto medicamentos quanto procedimentos cirúrgicos. A abordagem medicamentosa muitas vezes inclui o uso de anticoncepcionais contendo progesterona para suprimir a menstruação e controlar os sintomas. Esses medicamentos podem ser administrados em várias formas, tais como pílulas, anéis vaginais, DIU ou adesivos anticoncepcionais. Anti-inflamatórios também podem ser prescritos com o objetivo de aliviar os sintomas dolorosos (2).
A cirurgia é reservada para casos específicos de adenomiose. Quando a condição afeta uma área localizada, pode ser realizada uma cirurgia minimamente invasiva, como a videolaparoscopia, para a remoção do adenomioma. Em situações mais complexas e resistentes às intervenções clínicas, a cirurgia com a preservação do útero pode ser uma opção (3).
Referências: 1. Endometriose. Ministério da Saúde. Último acesso: 28 de setembro de 2023; 2. Adenomiose. Beneficência Portuguesa de São Paulo. Último acesso: 28 de setembro de 2023.