O fungo Candida é o causador dessa doença, que atinge principalmente as mulheres
A candidíase é uma infecção causada pela proliferação excessiva do fungo Cândida, e geralmente surge quando existe um enfraquecimento do sistema imunológico. Esse tipo de infecção é mais conhecido por afetar os órgãos genitais femininos, mas também pode aparecer nos órgãos genitais masculinos. Alguns tipos de micoses de pele, unhas, garganta, boca e órgãos internos são do gênero Candida1,3,4.
Normalmente, o corpo tem esse tipo de fungo no organismo, vivendo de forma controlada. Quando o corpo está mais fraco (como em alguma infecção que deixe o sistema imunológico debilitado) ou quando há alguma alteração hormonal (como em uma gravidez) esses fungos podem se reproduzir de forma exagerada, causando sintomas como coceira, dor durante a relação sexual, vermelhidão na vagina e desconforto2.
Um estudo publicado pelo The New England Journal of Medicine estima que 75% das mulheres já tiveram candidíase vaginal pelo menos uma vez na vida. Pode ocorrer em diversas faixas etárias, em várias fases da vida, e quando se torna recorrente pode estar ligada a fatores como estresse, má alimentação ou alguma outra doença. Nestes casos, é importante que o médico analise outras causas antes de determinar o tratamento3.
Tipos1,3,4
A forma mais comum de candidíase é a vaginal. Contudo, outros tipos menos frequentes incluem:
- Peniana: causada principalmente por diabetes e higiene precária;
- Oral: pequenas aftas e dificuldade de engolir, pode aparecer após contato íntimo desprotegido ou em pacientes com o sistema imunológico afetado;
- Esôfago: tipo mais raro entre as infecções do gênero, pode acometer pacientes com baixa imunidade;
- Pele: surge por causa de atrito entre as peles, criando pequenas lesões nas axilas, virilha, nádegas, pescoço ou barriga, por exemplo;
- Invasiva: o fungo atinge a corrente sanguínea e pode afetar qualquer órgão, causando complicações graves.
Causas2,4
A candidíase pode aparecer principalmente quando o sistema imunológico está mais fraco ou quando há alguma alteração hormonal, causando o desequilíbrio do fungo e sua proliferação, especialmente em áreas quentes e úmidas do corpo. Outros fatores que podem colaborar para a ocorrência são:
- Uso frequente ou prolongado de antibióticos, corticoides ou quimioterapia. Antibióticos de largo espectro podem matar as bactérias saudáveis responsáveis por conter fungos nocivos;
- Maus hábitos de higiene;
- Relação sexual ou contato íntimo desprotegido com parceiro contaminado, apesar da candidíase não ser considerada uma doença sexualmente transmissível (DST);
- Doenças como diabetes, AIDS, HPV e lúpus, que enfraquecem o sistema imunológico;
No caso das mulheres, além da ocorrência mais frequente durante a gravidez (por causa da alteração hormonal e a mudança no pH da vagina), o hábito de usar roupas apertadas ou molhadas (já que o fungo prefere locais úmidos para se reproduzir), fazer higiene íntima mais de 2 vezes ao dia, usar calcinha de tecido sintético ou usar absorvente por mais de 3 horas seguidas são agravantes para o surgimento da candidíase3,4.
O uso frequente ou prolongado de anticoncepcionais, com alteração dos níveis de estrogênio, pode estimular o aparecimento de infecções por fungos. Mulheres em terapia hormonal de estrógeno também estão sujeitas a infecções similares.
Fatores de risco3
Diversos hábitos podem causar a proliferação do fungo no organismo. Além das causas citadas acima, alguns fatores podem interferir no sistema imunológico e desencadear as infecções como dietas pobres em vitaminas e minerais, alto nível de estresse, outras infecções, como gripes, que afetam o sistema imunológico, dormir pouco ou mal, e o uso de drogas.
Sintomas3,4
Os sintomas mais comuns da candidíase são a intensa coceira e a vermelhidão na região genital, tanto para mulheres quanto para homens. A maioria das mulheres se queixam de ardência na região próximo à entrada da vagina (vulva); leve inchaço dos lábios vaginais (grandes lábios); e aumento de corrimento branco e espesso. Porém, como a candidíase também pode se desenvolver em outros locais do corpo, os sintomas variam de acordo com a área afetada. Na candidíase oral, por exemplo, o paciente pode apresentar dificuldades e dor para engolir; no esôfago, podem ocorrer náuseas, vômito e dor abdominal; na pele, coceira, vermelhidão e descamação na região afetada, e na candidíase invasiva pode ocorrer febre, dor de cabeça e vômitos.
Diagnóstico3,4
A consulta com um médico é essencial para o correto diagnóstico da candidíase, já que os sintomas são muito similares a outros tipos de infecções. O profissional irá verificar o histórico médico, fazer o exame de cultura da região afetada e esclarecer quaisquer dúvidas sobre outras infecções e sintomas. No caso da candidíase vaginal, é necessário fazer o Papanicolau. Para outros tipos de candidíase existem os exames de cultura da região afetada. Exames laboratoriais, como de sangue, também são indicados para completar o diagnóstico.
Prevenção3,4
Considerando que nosso organismo tem, naturalmente, uma quantidade de fungos vivendo de forma controlada, o mais importante na prevenção à candidíase é evitar os fatores de risco para a proliferação da Cândida: evitar roupas quentes, apertadas ou molhadas; manter a higiene íntima regularmente, mas sem exageros; preferir roupas íntimas de algodão (que ajudam a manter a respiração da pele); manter um estilo de vida mais saudável, incluindo alimentação adequada, e utilizar antibióticos somente com orientação médica.
Caso você já tenha sido diagnosticado com candidíase e está em tratamento, além dos cuidados acima, é importante evitar o consumo de bebidas alcoólicas, não fumar, usar preservativo em todas as relações sexuais e usar o medicamento pelo tempo necessário e indicado pelo médico.
Tratamento3,4
Os tratamentos para candidíase genital e de pele, tanto no homem quanto na mulher, incluem pomadas antifúngicas que são indicadas pelo médico. Durante o tratamento, é importante manter a higiene do local, lavando com água e sabonete neutro e evitando os fatores de risco. O tratamento pode demorar até 3 semanas e pode combinar, além das pomadas, comprimidos ou loções, de acordo com a extensão da infecção e a área afetada. Quando a candidíase acontece durante a gravidez é importante usar o medicamento indicado pelo obstetra, já que alguns medicamentos são contraindicados para gestantes.
Candidíases recorrentes podem necessitar de uma investigação mais profunda, verificando a espécie de Cândida responsável. Com essa informação, é possível indicar o medicamento ideal no tratamento. No caso de candidíase invasiva, o tratamento é feito no hospital, com administração de medicamentos mais fortes. Seja qual for a forma de candidíase, consulte sempre um médico, que irá indicar o tratamento e medicamento mais adequado. Siga à risca as orientações, evite a automedicação e receitas caseiras, que podem inclusive agravar a situação.
Fontes: 1. Vulvovaginal candidosis. Sobel J Lancet. Último acesso em 26 de agosto de 2021. 2. Candidíase Vulvovaginal: Sintologia... Vários autores. Scielo. Último acesso em 26 de agosto de 2021. 3. Candidíase e outras doenças sexualmente transmissíveis. Ministério da Saúde. Último acesso em 26 de agosto de 2021. 4. Candidíase Sistêmica. Ministério da Saúde. Último acesso em 26 de agosto de 2021.