É uma doença hereditária de maior prevalência no Brasil, é uma doença crônica, causada por uma modificação genética, que não tem cura, mas que tem tratamento1, e acontece quando as hemácias, ou glóbulos vermelhos do sangue, sofrem com baixas taxas de oxigenação e acabam mudando seu formato arredondado para o de uma foice, dificultando a circulação de oxigênio pelo organismo2. As células morrem prematuramente, causando anemia e uma série de sintomas relacionados, como dor, obstrução de vasos sanguíneos, enfartamento e necrose de órgãos como ossos, baço, pulmões, rins e articulações. Estes sintomas afetam significantemente a vida e a rotina do paciente, que apresenta restrições na mobilidade, no trabalho e em atividades diárias1.
Um estudo realizado no Brasil há alguns anos mostrou que 2/3 dos óbitos em decorrência à doença falciforme aconteceram até os 29 anos de idade – o restante afetou principalmente menores de 9 anos2. O diagnóstico tardio, é inclusive, um dos principais problemas para um acompanhamento bem-sucedido: muitos pacientes somente recebem o diagnóstico na adolescência ou no início da vida adulta1. Contudo, com o diagnóstico precoce e acompanhamento médico, é possível aumentar a expectativa e a qualidade de vida dos pacientes.
A anemia falciforme é uma doença hereditária, ou seja, que passa dos pais para os filhos, e pode ser diagnosticada ainda no recém-nascido, com a realização do teste do pezinho. Em adolescentes e adultos, o diagnóstico é feito pelo exame eletroforese de hemoglobina6. No artigo “Por que fazer o teste do pezinho é importante?”, apresentamos quais as demais doenças podem ter o diagnóstico precoce identificadas por meio deste teste. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, mais cedo é possível começar o tratamento1.
Causas
A Anemia Falciforme faz parte de um grupo de doenças, junto com a Talassemia, chamado de Doenças Falciformes. Todas têm causa genética e a produção de hemoglobinas, e diferenciam-se de acordo com a hemoglobina envolvida4. A Anemia Falciforme também é considerada hereditária e étnica, afetando principalmente a população negra3.
Sintomas
Os principais sintomas físicos da Anemia Falciforme são relacionados a dor e à redução de fluxo sanguíneo e de oxigênio no organismo. Essa redução lesa progressivamente órgãos como o pulmão, coração, ossos, runs, fígado, retina e pele, com dano significativo ao baço5. Pacientes de Anemia Falciforme também tendem a ter problemas cardiovasculares e hipertensão arterial2, além de chances de ter mais infecções5.
Especialistas também citam os problemas psicológicos relacionados à doença, já que há dificuldades no relacionamento familiar, no trabalho ou acadêmico, sendo estes dois últimos comprometidos principalmente pela baixa frequência – o acompanhamento médico, muitas vezes envolvendo internação, afeta o desenvolvimento profissional. Pacientes tendem a registrar ansiedade, depressão e medo, sendo indicado acompanhamento psicológico2. Diagnóstico
O diagnóstico é feito a partir de testes laboratoriais, com a pesquisa da hemoglobina S, além de mapeamento genético1.
Tratamento e Prevenção
Considerando que a Anemia Falciforme não tem prevenção nem cura, é possível inserir cuidados na rotina dos pacientes para evitar infecções e complicações aos órgãos e assim, melhorar a qualidade de vida e aumentar a sobrevida5.
- Acompanhamento médico, avaliação periódica e exames laboratoriais para verificação dos índices de hemoglobina e alterações cardíacas, renais e pulmonares, além da presença de cálculos biliares e alterações no baço;
- Nutrição adequada e nutrição frequente: o acompanhamento com nutricionista é fundamental para manter os níveis de vitaminas e sais minerais;
- Cuidados com infecções oportunistas: a salmonela, por exemplo, pode agravar a condição dos pacientes com Anemia Falciforme;
- Higienização oral adequada, evitando infecções dentárias;
- Imunização: A vacinação desde os primeiros dias de vida representa a principal medida preventiva contra infecções. Vacinas contra o vírus influenza, pneumococo e meningite são obrigatórias, junto com hepatite. Crianças menores de três anos de idade apresentam maior risco de contrair infecções graves;
- Conheça os principais sinais da doença: palidez e febre, por exemplo, devem ser tratadas o mais rápido possível, para identificar o foco de infecção e impedir seu avanço;
- Uso de penicilina profilática desde o diagnóstico, especialmente no caso de crianças, desde a triagem neonatal.
Fontes: 1. Roberto B. de Paiva e Silva; Antonio S. Ramalho; Roosevelt M. S. CassorlaII - Anemia falciforme como problema de Saúde Pública no Brasil. Em Revista de Saúde Pública. 2. Andreza Aparecida Felix, Helio M. Souza, Sonia Beatriz F. Ribeiro - Aspectos epidemiológicos e sociais da doença falciforme. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia. 3. Josué Laguardia. No fio da navalha: anemia falciforme, raça e as implicações no cuidado à saúde - Escola Nacional de Saúde Pública – FIOCRUZ. Em Estudos Feministas, Florianópolis, 14(1): 243-262, janeiro-abril/2006. 4. Associação Brasileira de Talassemia 5. Josefina A. P. Braga – Medidas gerais no tratamento das doenças falciformes. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia. 6. Roberto B. de Paiva e Silva; Antonio S. Ramalho; Roosevelt M. S. CassorlaII - Anemia falciforme como problema de Saúde Pública no Brasil. Em Revista de Saúde Pública.