Publicado em: 10 de novembro de 2023  e atualizado em: 10 de novembro de 2023
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Farmacovigilância: a importância da farmácia na notificação de reações a medicamentos


Saiba mais sobre a importância da atuação do farmacêutico na garantia da segurança dos medicamentos para os pacientes e como as farmácias podem fazer parte desse processo.

 

"Somente a dose correta diferencia o veneno do remédio". A frase de Phillipus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim, o conhecido médico e alquimista Paracelso, mostra que é preciso manter sempre atenção com o uso de medicamentos1. Assim, a identificação, avaliação, compreensão e prevenção de efeitos adversos ou outros problemas relacionados a esses produtos são os atributos da farmacovigilância2. 

É essa área de atividades que também avalia a relação entre os benefícios e riscos do medicamento para que ele possa ser oferecido à população. Todo medicamento possui reações adversas, mas sua comercialização é autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) após se analisar que os benefícios superam, em muito, os riscos constatados em estudos clínicos2.

Porém, quando saem dos laboratórios e passam a ser vendidos ao consumidor, os medicamentos acabam sendo utilizados por um número muito maior de pessoas. Com um universo maior de usuários, efeitos adversos que não haviam sido relatados na fase de estudos, podem começar a se manifestar. Por isso, o farmacêutico é de suma importância nesse processo. Ele notifica esses efeitos adversos de medicamentos, para que a Anvisa possa monitorar essas reações e verificar se realmente os benefícios alegados pelo fabricante continuam superando os riscos de sua utilização2.

Leia a seguir como o farmacêutico e toda a equipe da farmácia podem atuar na farmacovigilância, garantindo que os pacientes confiem nos medicamentos e no sistema de monitoramento existente, promovendo a adesão ao tratamento e monitorando o ciclo de utilização do medicamento e incentivando os pacientes a relatar reações que venham a experimentar3.

O farmacêutico como protagonista

Dentro da farmacovigilância, o farmacêutico exerce o papel de protagonista por ser o profissional que detém o conhecimento técnico e habilidades fundamentais para identificar possíveis reações adversas a medicamentos, suspeitas de interações medicamentosas, eventos adversos por desvio de qualidade de medicamentos, detecção de possíveis inefetividade terapêutica, além de queixas técnicas de desvio de qualidade de medicamentos por si só, entre outras situações, conforme ressalta o Conselho Regional de Farmácia de São Paulo (CRF-SP)2.

Nesse sentido, os farmacêuticos atuam para combater a subnotificação de reações, trabalhando mais próximos de pacientes, hospitais e médicos4.

Dicas para aplicar a farmacovigilância na prática

Dentro da farmacovigilância, farmácias e drogarias, por intermédio do farmacêutico, devem notificar os profissionais de saúde e órgãos sanitários competentes, além do laboratório fabricante do remédio, sobre os efeitos colaterais, reações adversas, intoxicações, voluntárias ou não e farmacodependência que forem observando e registrando durante o dia a dia junto aos clientes5. 

Essas notificações podem ser feitas diretamente na Anvisa pelo sistema VigiMed6 - o sistema nacional mantido pelo Uppsala Monitoring Centre (UMC), que é um centro colaborador da Organização Mundial da Saúde (OMS) na área de monitoramento global de medicamentos. Nesse sentido, a equipe da farmácia deve ser capacitada e devidamente informada sobre como acessar o sistema e registrar notificações.

É preciso também que os atendentes saibam conceitos importantes de farmacovigilância, como:

Evento adverso – que é qualquer ocorrência médica indesejável devido ao uso de medicamentos ou vacinas, tais como reações adversas ou nocivas; ausência ou redução do efeito esperado; erros de medicação relacionados à prescrição, preparação, dispensação, distribuição, administração e monitoramento dos medicamentos; uso abusivo; uso com finalidade diferente do indicado na bula (off label) ou intoxicação6.  

Reação Adversa a Medicamento (RAM) - reação a um medicamento que é nociva e não-intencional e que ocorre nas doses normalmente usadas para profilaxia, diagnóstico, terapia da doença ou para a modificação de funções fisiológicas7.

Efeito colateral - qualquer efeito não-intencional de um produto farmacêutico, que ocorre em doses normalmente utilizadas por um paciente, relacionadas às propriedades farmacológicas do medicamento7

Converse com o paciente

O paciente também é parte fundamental da farmacovigilância uma vez que é ele quem está diretamente exposto aos riscos de uma reação adversa. De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), as notificações de reações a medicamentos feitas por profissionais de saúde são uma interpretação daquilo que foi originalmente descrito por um paciente, junto de observações objetivas7

No momento da dispensação, o farmacêutico ouve o paciente, esclarece suas dúvidas e complementa as informações fornecidas por outros profissionais de saúde sobre o uso e a guarda do medicamento, com o objetivo de evitar o aparecimento de problemas que possam comprometer o tratamento8. Também deve recomendar aos pacientes que suspeitem ter sido afetados por uma reação adversa que notifiquem a seus médicos para que eles possam adotar as adequações necessárias. Nesse caso, todos os envolvidos, pacientes, médicos e farmacêuticos podem acessar o VigiMed e registrar a notificação da suspeita de reação.

Ao atender o paciente9:

• Oriente o paciente a conversar abertamente com seu médico sobre os medicamentos que vai usar.

• Explique que ele deve utilizar apenas os medicamentos prescritos especificamente para ele.

• Ressalte a importância de não interromper o tratamento sem acompanhamento ou orientação de um profissional de saúde.

• Oriente o paciente a utilizar os medicamentos respeitando os horários.

• Explique sobre como guardar o medicamento corretamente

• Conscientize o paciente a evitar a automedicação, que pode aumentar o risco de intoxicação.

• Deixe claro que o paciente precisa relatar para o farmacêutico ou diretamente ao médico situações inesperadas com o uso do medicamento, desde coceiras no local de aplicação de uma pomada, por exemplo, até alterações de humor, além de falta de eficácia terapêutica, intoxicação por erros de dosagem ou desvios de qualidade.

Fonte: 1.Ministério da Saúde. Capacitação, Qualificação dos Serviços de Assistência Farmacêutica e Integração das Práticas de Cuidado na Equipe de Saúde. Último Acesso em 11 de novembro 2023. 2.Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CFR-SP). Farmacovigilância – A importância das notificações de eventos adversos e queixas técnicas de desvio de qualidade de medicamentos pelo farmacêutico. Último Acesso em 11 de novembro 2023. 3Hospital Sírio Libanês – Farmacovigilância. Último Acesso em 11 de novembro 2023. 4.Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias. VigiMed: notificação de efeitos adversos .Último Acesso em 11 de novembro 2023. 5.Presidência da República. Lei nº 13.021, de 8 de agosto de 2014. Dispõe sobre o exercício e a fiscalização das atividades farmacêuticas.Último Acesso em 11 de novembro 2023. 6.Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) - VigiMed - Saiba mais. Último Acesso em 11 de novembro 2023. 7.Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). A importância da Farmacovigilância. Monitorização da segurança dos medicamentos.Último Acesso em 11 de novembro 2023. 8.Centro Universitário Newton Paiva. Dispensação farmacêutica: uma análise de diferentes conceitos e modelos.Último Acesso em 11 de novembro 2023 9.Guia da Farmácia. Farmacovigilância: como o paciente pode contribuir para melhorar a segurança dos medicamentos.Último Acesso em 11 de novembro 2023

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Este material tem caráter meramente informativo. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte sempre seu médico.
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